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06/12/2012 - 04h13

Biblioteca celebra legado intelectual de 'Dona' Gilda

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CASSIANO ELEK MACHADO
DE SÃO PAULO

Durante mais de duas décadas, entre os finais dos anos 1940 e 1960, o prédio de número 294 da rua Maria Antônia foi parte importante da geografia sentimental de um dos casais mais admiráveis da intelectualidade brasileira. A dupla Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza vivia sempre por lá.

No endereço, funcionava à época a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde os dois jovens humanistas davam aulas.

Na noite de hoje, Antonio Candido, 94, volta ao edifício para homenagear a mulher com quem foi casado por 60 anos. Em cerimônia informal, ele inaugura no local a Biblioteca Gilda de Mello e Souza.

A coleção reúne cerca de 900 exemplares usados pela ensaísta, crítica e professora (1919-2005) em suas aulas.

Bob Wolfenson
"Dona" Gilda e Candido em foto do livro "Bibliografia de Antonio Candido", em 2002
"Dona" Gilda e Candido em foto do livro "Bibliografia de Antonio Candido", em 2002

"Ao longo da vida, juntamos um conjunto razoável de livros de artes. Decidi deixá-los à disposição dos estudantes", diz Candido à Folha.

Os livros selecionados ajudam a iluminar o perfil intelectual de "Dona" Gilda, como era carinhosamente chamada. Estão na biblioteca, por exemplo, todos os seus livros de moda.

Foi com a tese "A Moda no Século 19" que ela recebeu o grau de doutora em Ciências Sociais, em 1950, num estudo pioneiro sobre o tema, depois publicado com o título "O Espírito das Roupas" (ed. Companhia das Letras).

"Ela teve coragem de abordar um assunto à época considerado frívolo", diz Candido. "Só quando Roland Barthes publicou 'O Sistema da Moda' deram crédito a ela."

A biblioteca, que passa a integrar o Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma), instituição cultural da USP criada em 1993, também terá volumes de história e de crítica da arte, estética e de fotografia, que, acentua Candido, "cada vez mais é considerada uma arte importante".

Parte dos volumes está em outras línguas, sobretudo italiano e francês, idioma do qual ela era tradutora.

Maria Augusta Fonseca, professora de teoria literária da USP e coordenadora da biblioteca, diz que em torno da coleção serão feitas mostras, debates e cursos sobre temas estudados por Mello e Souza.

ABERTURA DA BIBLIOTECA GILDA DE MELLO E SOUZA
QUANDO nesta quinta (6), às 20h
ONDE Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antônia, 294, tel. 0/xx/11/3123-5201)

 

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