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15/02/2013 - 05h20

Crítica: Falta de pulso na direção desperdiça ideias e atores em "De Coração Aberto"

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CÁSSIO STERLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A primeira cena com a imagem de uma cirurgia cardíaca, em que médicos suturam o peito de um paciente e salvam-lhe a vida, serve como prenúncio de que "De Coração Aberto" será um filme ignorante das vantagens da sutileza.

Ator venezuelano Édgar Ramírez evita clichês de Hollywood

O segundo longa da atriz, roteirista e diretora francesa Marion Laine segue as agruras de um casal de cardiologistas, cuja intensidade apaixonada não os impede de mergulhar numa crise quando distúrbios emocionais se misturam às escolhas profissionais.

A competência de Javier como especialista em transplantes é ameaçada por seu alcoolismo, enquanto seu estável relacionamento com Mila, fiel companheira de cama, mesa e bisturi, entra em deriva quando o nome dela é sugerido para substituí-lo durante um tratamento de desintoxicação e, para complicar, ela ainda fica grávida.

Divulgação
Édgar Ramírez e Juliette Binoche no drama francês "De Coração Aberto", da diretora Marion Laine
Édgar Ramírez e Juliette Binoche no drama francês "De Coração Aberto", da diretora Marion Laine

O ambiente hospitalar e as dificuldades de uma profissão que impõe a constante tensão de competências e equilíbrio emocional no limite já deram material dramático de sobra para episódios memoráveis de séries como "Plantão Médico".

Em "De Coração Aberto", a cardiologia não passa de metáfora pobre para uma história sobre corações rompidos.

Em "Remonter l'Orénoque" (2010), romance de Mathias Énard que deu origem ao roteiro, o tema de "subir o rio" evocado no título sugere um retorno às origens, uma viagem em busca de si empreendida por uma jovem enfermeira que se descobre grávida sem saber qual de seus amantes, os médicos Youri e Ignacio, é o pai da criança.

Na adaptação, a jornada é despojada de suas ressonâncias poéticas e reduzida a um vago pano de fundo na forma de um retorno de Javier às origens latino-americanas como esforço para salvar a união.

A fragilidade maior do filme, no entanto, fica evidente nas preferências da diretora por um cinema físico, em que o amor tem a aparência de luta, em que a bebedeira se confunde com o gozo. Para se obter tais efeitos, é preciso um controle de encenação capaz de arrancar algo que ultrapasse a impressão de histeria.

Confrontar a imagem de peso de Édgar Ramírez com a delicadeza de Juliette Binoche poderia ser uma ideia promissora, mas o resultado na tela parece apenas um esboço do que o filme quis ser.

Na falta de uma direção de pulso, os dois ótimos atores ficam entregues a suas canastrices, emulando uma daquelas discussões de relacionamento que nem em francês soam profundas.

DE CORAÇÃO ABERTO
DIREÇÃO Marion Laine
PRODUÇÃO França, 2012
ONDE Lumière Playarte, Bristol e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular

 

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