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15/02/2013 - 03h07

Crítica: "A Hora Mais Escura" é relato assustador e doloroso sobre caça a terrorista

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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

"A Hora Mais Escura" é o segundo filme de Kathryn Bigelow a lidar com o tema do pós-11 de Setembro, depois de "The Hurt Locker".

Jessica Chastain vive agente responsável por caçada a Bin Laden em "A Hora Mais Escura"

No Brasil, "The Hurt Locker", expressão militar que significa algo como "um lugar ruim e doloroso", virou "Guerra ao Terror", o que simplifica e desvirtua seu tema.

Jonathan Olley/Divulgação
Jessica Chastain em cena do filme "A Hora Mais Escura"
Jessica Chastain em cena do filme "A Hora Mais Escura"

Passa uma ideia ufanista e propagandista, enquanto o tema principal do filme é a incapacidade de alguns soldados se adaptarem à vida civil depois de passarem pelos horrores do Iraque.

Felizmente, o novo filme de Bigelow ganhou uma tradução mais apropriada e justa. Aqui, a "hora mais escura" é o horário agendado para o ataque de militares americanos ao esconderijo de Osama bin Laden no Paquistão, que deu fim a uma busca de dez anos.

O filme de Bigelow recria, em detalhes, esses dez anos e os quebra-cabeças que envolveram a descoberta do paradeiro de Bin Laden.

A personagem principal da história é Maya (Jessica Chastain), funcionária da CIA que gasta todos os minutos de sua vida na caça ao terrorista. No início do filme, Maya vai a uma base secreta da CIA acompanhar o interrogatório de um suspeito de ligações com o terrorismo.

Outro agente da CIA, Dan (Jason Clarke), lidera o "interrogatório", na verdade uma sessão de "waterboarding", um método de tortura que envolve afogamento. Dan parece que já fez isso muitas e muitas vezes. Para Maya, é a primeira de muitas.

Nos EUA, "A Hora Mais Escura" foi acusado por alguns de ser "a favor" da tortura, por mostrá-la sem tomar uma posição mais crítica. Acho justamente o contrário: o mais assustador do filme é justamente o fato de o "waterboarding" ser mostrado como parte corriqueira do processo interrogatório.

Escrito por Mark Boal, jornalista que ganhou o Oscar de roteiro por "Guerra ao Terror", "A Hora Mais Escura" não é desses filmes de ação preocupados apenas em criar um clímax empolgante, onde os "mocinhos" resolvem tudo com suas pistolas.

O mais interessante é o relato do longo e doloroso processo que culminou com o ataque ao esconderijo de Bin Laden, em maio de 2011.

O filme não traz cenas espetaculares de resgates ou tiroteios. Não é um faroeste moderno. Boal descreve a caçada a Bin Laden em detalhes, mostrando as pistas falsas, as armadilhas, os erros de percurso e as tragédias que custaram vidas e tempo.

Nesses dez anos, a personagem de Chastain passa por uma transformação: de idealista e esperançosa, no início, a vingativa e cínica, no fim.

Felizmente, "A Hora Mais Escura" não é o típico filme de guerra hollywoodiano. E Kathryn Bigelow não é uma cineasta qualquer.

A HORA MAIS ESCURA
DIREÇÃO Kathryn Bigelow
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Espaço Itaú - Frei Caneca, Metrô Tatuapé Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ótimo

 

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