Publicidade
Publicidade
Crítica: Roteiro inteligente e cheio de ironia é o ponto forte do filme
Publicidade
LEONARDO CRUZ
EDITOR DO "TEC"
Na primeira cena de "As Sessões", um gato volta de seu passeio noturno pela rua, sobe num muro, entra num quarto pela janela e roça suavemente a cauda no rosto de Mark O'Brien. Imóvel do pescoço para baixo desde os seis anos, Mark acorda com a coceira no nariz e repete para si mesmo: "Coce com sua mente! Coce com sua mente!".
Filme "As Sessões" mostra deficiente que busca ajuda para transar
Esse início revela muito do corpo e do espírito do protagonista desta comédia dramática escrita e dirigida por Ben Lewin a partir de um caso real. Mark (John Hawkes) é um poeta e professor universitário, católico praticante, vítima de pólio, que passa a maior parte do tempo em um respirador mecânico.
Mas isso não é motivo para lágrimas. Ao contrário, a profunda autoironia do personagem dá o tom de "As Sessões", filme que imediatamente remete o espectador a "Intocáveis", a comédia dramática francesa, também sobre um deficiente, que fez sucesso internacional em 2012.
Enquanto no longa europeu o foco estava na relação de um bilionário tetraplégico com seu jovem e turbulento cuidador, aqui o buraco é mais embaixo. Afinal, Mark tem 38 anos, nunca fez sexo e não consegue se masturbar. Como ele mesmo diz ao seu padre e confessor (o ótimo William H. Macy): "Meu pênis fala comigo".
É desse desejo que "As Sessões" trata inicialmente, da busca de Mark pelo prazer carnal. Sua parceira na empreitada é Cheryl, uma terapeuta sexual especializada em casos delicados. Quem a interpreta com candura e sensualidade é Helen Hunt, da série de TV "Mad About You" (1992-99) e de filmes como "Melhor É Impossível" (1997).
"As Sessões" é um exemplo típico (e ultimamente raro) do bom cinema americano. Sua força está toda no roteiro inteligente, de diálogos bem escritos e protagonistas sólidos, sustentados por boas interpretações.
Enquadramentos, luz, fotografia estão discretamente a serviço desse roteiro.
O filme acerta ao tratar das limitações físicas de Mark com humor, sensibilidade e sem condescendência. Como em "Intocáveis", há um tom agridoce no ar. O longa só derrapa na parte final, quando, em alguns momentos, troca a comédia pelo romance, flertando com a pieguice.
Nada que a belíssima nudez de Helen Hunt não compense.
AS SESSÕES
DIREÇÃO Ben Lewin
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
+ CANAIS
+ NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice