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De rosa choque, Paulinho Fluxus faz arte e ativismo
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Não basta ser rosa, tem que ser choque. Paulo Favero diz isso com palavras, mas sua casa, um apartamento nos Jardins em cima do primeiro templo zen budista de São Paulo, tem a cor espalhada por toda parte --em papéis amontoados, toalhas de mesa, um isqueiro, cones de trânsito e até um chaveiro em forma de metralhadora.
"Somos uma arma estética, criatura performática que se coloca entre arte e vida, um dispositivo na guerra midiática", diz Favero. "É para não se rebaixar à truculência física de nossos antagonistas."
Favero é Paulinho Fluxus, o homem por trás do chamado Tanque Rosa Choque. Seu grupo de artistas e ativistas, sempre pilotando um carrinho de supermercado montado com uma parafernália de canhões de plástico no mais estridente cor-de-rosa, está presente em tudo que é manifestação política, às vezes artística, em São Paulo.
Ze Carlos Barretta/Folhapress | ||
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Paulinho Fluxus faz performance onde a reitoria da USP demoliu espaço de eventos utilizados pelos alunos da ECA |
Foram eles que ajudaram a dar o tom da "Amor Sim, Russomanno Não", festa na praça Roosevelt que tentou dissuadir eleitores de votar no candidato do PRB no último pleito municipal.
Também cobriram de rosa choque o festival Existe Amor em SP, na mesma praça do centro, em que cantaram Criolo e Karina Buhr, ostentando no vestuário os adereços rosa choque da trupe.
Fluxus, codinome que adotou em homenagem ao movimento artístico dos anos 60, também ilumina --com muito rosa-- shows de Tulipa Ruiz e nomes em ascensão na cena independente paulista.
APARATO ESTÉTICO
Mas é fora do palco, e sim nas páginas de jornais e revistas, que se dá a ação do Fluxus. Quando a reitoria da USP, onde ele estuda artes plásticas, acionou a polícia durante a ocupação de seus escritórios há quatro anos, ele e outros estudantes, como Danilo Bezerra, também por trás do Tanque, reagiram criando um movimento rosa.
"Veio a polícia com todo o aparato estético deles, viaturas, giroflex, escudos, botas e capacetes", lembra ele.
"Então criamos nossa arma, que era de outro caráter. Não era a violência física, mas uma arma simbólica, de sutilezas, de um caráter estético."
Nas imagens do confronto entre polícia e estudantes estampadas na imprensa, Paulinho Fluxus aparece de legging rosa choque, às vezes uma sunga por cima da calça, olhando impassível para os guardas.
Exemplares de jornais desse dia, com a foto do artista, estão empilhados até hoje na sala do estudante como sinal de vitória da ação do grupo.
"Um carrinho de supermercado, que é uma alegoria de um tanque rosa, é capaz de enfrentar 50 homens da tropa de choque e sair ganhando na foto", diz Fluxus. "A sensibilidade vence."
Mas mesmo antes da notoriedade, Fluxus e seu tanque --artefato inspirado no tanque de guerra que amanheceu pintado de rosa durante a dissolução do regime comunista em Praga-- já entraram com um enorme porco cor-de-rosa na Assembleia Legislativa de SP e pintaram de vermelho o estacionamento de uma delegacia no Paraíso.
São os sinais do que ele chama de "tropa do rosa choque", um grupo que hoje tem cerca de 1.500 seguidores armados com fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim e todo e qualquer acessório rosa.
"Essa cor, da sensibilidade, da fragilidade, pode se tornar potente", diz Fluxus. "Ela é capaz de desmontar qualquer aparato bélico."
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