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08/03/2013 - 04h39

Mais leve, cineasta Ken Loach celebra neorrealismo com "A Parte dos Anjos"

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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Ken Loach tem 76 anos e não para. Acaba de lançar seu 27º longa-metragem para o cinema, "A Parte dos Anjos", mais um drama realista sobre a classe trabalhadora britânica, só que, desta vez, com um tom mais leve e cômico.

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"O filme começa bem pesado, mas depois se torna engraçado e doce. Acho que isso vai surpreender as pessoas", diz o diretor.

É verdade. Quem está acostumado ao tom cinzento e ultrarrealista dos filmes de Loach, como "Terra e Liberdade" (1995) e o recente "Rota Irlandesa" (2010), pode estranhar o lado mais cômico de "A Parte dos Anjos" (2012).

Divulgação
Cena de "A Parte dos Anjos", novo filme do diretor Ken Loach
Cena de "A Parte dos Anjos", novo filme do diretor Ken Loach

Estaria Loach, um dos pais do cinema realista e combativo britânico, que botou a classe proletária inglesa nas telas em filmes marcantes como "Kes" (1969), finalmente amolecendo?

"Acho que não se trata disso", diz Loach, por telefone, de seu escritório em Londres. "Mas é sempre bom tentar coisas novas."

"Acho que mesmo as histórias mais tristes têm seu lado leve", diz o cineasta. "Gosto muito de fazer filmes que não sejam iguais do começo ao fim."

Loach diz que sua maior inspiração sempre foi o cinema neorrealista italiano de Roberto Rossellini (1906-1977) e Vittorio De Sica (1901-1974). "Para mim, o cinema feito na Itália nos anos 1940 e 1950 é imbatível, com sua mistura de humanismo e denúncia social. Até hoje esses filmes não perderam a força."

Outro cineasta que Loach destaca é o polonês Andrzej Wajda, de "Sem Anestesia" (1978) e "O Homem de Ferro" (1981): "Admiro profundamente o trabalho de Wajda e me identifiquei muito com os seus filmes. É um cineasta que viveu dentro de uma sociedade opressora e que soube contar histórias sobre suas próprias experiências".

Loach diz não ser grande fã do cinema norte-americano, mesmo o dos anos 1970, considerado mais "realista".

"Muita gente diz que Hollywood, nos anos 1970, fez filmes que falaram de conflitos sociais e geracionais, mas sempre achei o cinema hollywoodiano melodramático demais. Você pega um filme como 'Perdidos na Noite' (dirigido pelo inglês John Schlesinger) e percebe que é extremamente manipulador e melodramático".

Ken Loach tem apresentado uma produção ativa e, ao longo dos anos, manteve um público fiel. "Meus filmes não são 'blockbusters' e nem eram para ser", diz.

"Meu interesse é contar histórias sobre pessoas normais, que são geralmente esquecidas pelo cinema comercial. Não tenho o menor interesse em filmar em Hollywood. É um mundo que simplesmente não me interessa. E tenho certeza de que meu cinema também não interessa a Hollywood."

 

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