Crítica: "Amor é Tudo o que Você Precisa" mostra que sentimento é ambíguo

Mulher na meia-idade com câncer descobre que o marido a trocou por uma garota jovem e burra. No casamento da filha, numa paisagem italiana de cartão-postal, ela se sente atraída pelo pai do noivo, um viúvo rico, bonito, mas avesso a qualquer contato mais pessoal com outros humanos.

A sinopse de "Amor É Tudo o que Você Precisa" sugere um filme movido pelo excesso de sentimentos, calculado para umedecer os olhos da plateia e impor afetos sob o modo da chantagem.

Já o currículo da diretora Susanne Bier não permitiria supor algo distante do dramalhão.

	Divulgação
	Trne Dyrholme e Pierce Brosnan no filme de Susanne Bier

Depois de ter ganhado visibilidade no início da década passada ao praticar as regras minimalistas do Dogma, a cineasta dinamarquesa vingou com títulos forçadamente emocionais, como "Em um Mundo Melhor", indigesto vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 2011.

No entanto, ao contrário dessas ameaças, o perfume da ironia ajuda bastante a assistir a "Amor É Tudo o que Você Precisa" com prazer.

O título original, "A Cabeleireira Careca", anuncia um tratamento mais cômico que dramático das dificuldades existenciais da protagonista, Ida.

No papel, a atriz Trine Dyrholm nunca se deixa dominar pela ênfase melodramática e projeta uma mistura instável de sofrimento, força, confiança e amorosidade que fazem de Ida uma personagem difícil de resistir.

O mesmo tipo de equilíbrio de tensões sustenta o modo ambíguo como o filme enfoca todos os relacionamentos amorosos, mostrando-os como motivos de alegria e também de tormentos, de ganhos e perdas.

Nesse jogo de crenças e descrenças, em que até o final feliz se insinua como provisório, o pôr do sol na magnífica paisagem italiana brilha tanto para embelezar o cenário como para afirmar que tudo tem um ocaso.

AMOR É TUDO O QUE VOCÊ PRECISA
DIRETORA Susanne Bier
ONDE Dinamarca/Suécia/Itália/França/Alemanha, 2012
ONDE Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom