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16/03/2013 - 03h26

Curador quer que Bienal de Veneza espelhe o mundo

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Nos anos 1950, o mecânico ítalo-americano Marino Auriti sonhou com uma torre de 136 andares. Seria um museu do mundo, lugar para arquivar todo o conhecimento humano, da "roda ao satélite".

Mais de meio século depois, Massimiliano Gioni, o italiano à frente da próxima Bienal de Veneza, resgatou a imagem para estruturar a 55ª edição da mostra, que começa em junho querendo ser um "Palácio Enciclopédico".

Gioni, 40, é o mais jovem a assumir a mais velha e importante das bienais de arte do mundo. E ressuscita na forma da exposição o antigo conceito de museu para criar um espelho da vida contemporânea.

Divulgação
Massimiliano Gioni, curador da próxima Bienal de Veneza
Massimiliano Gioni, curador da próxima Bienal de Veneza

"Esse sonho de um museu gigante é como nossa experiência digital", diz o curador à Folha. "Na era virtual, tudo também é sincrônico, o passado é revisto o tempo todo na internet. Quero contemplar essas temporalidades do jeito que já pensamos várias geografias."

Nesse mapeamento híbrido, entraram três brasileiros: Bispo do Rosário, Paulo Nazareth, que estará na Bienal de Lyon, e Tamar Guimarães, radicada em Copenhague.

No total, 150 artistas de 37 países foram escalados para a mostra principal, sem contar aqueles espalhados pelos 88 pavilhões nacionais --a representação oficial brasileira terá Odires Mlászho e Hélio Fervenza, que estavam na última Bienal de São Paulo.

Bispo do Rosário, aliás, é outro que esteve no centro da mostra paulistana e agora chega a Veneza. "Sua ansiedade para reinventar o mundo tem tudo a ver", diz Gioni. "Ele representa essa tentativa de destrinchar o universo, o que é a essência da mostra."

CATÁLOGO DA VIDA

É uma "essência" parecida com a de outras exposições. Enquanto a última Documenta, em Kassel, na Alemanha, também estabeleceu uma ponte entre artistas profissionais e autodidatas, como Bispo, e a Bienal de SP refletiu sobre a obsessão em catalogar toda a vida real, Veneza será um "arquivo da imaginação".

"Deve haver alguma coisa no ar", diz Gioni. "Mas quero ir além da ideia de arquivo ou da divisão entre artistas treinados e não treinados. Penso em arte contemporânea de forma mais ampla."

Mais ampla e mais profunda. Gioni, que é também o curador-chefe do New Museum, em Nova York, tenta se consagrar com uma Bienal de Veneza mais densa do que as mostras que já organizou no museu americano.

E também quer provocar. Gioni já avisou que vai repetir nomes da última Bienal --no caso da americana Trisha Donnelly, vai exibir a mesma obra no mesmo lugar em que estava há dois anos. Também deixou que Cindy Sherman, famosa por seus autorretratos disfarçados, não tivesse obras na mostra e convidasse outros para ocupar seu lugar.

Donnelly e Sherman, aliás, são só os exemplos mais jovens de uma forte presença de americanos consagrados.

Italiano radicado nos EUA, como o inventor do "Palácio Enciclopédico", Gioni está ancorando sua seleção em italianos esquecidos e norte-americanos de peso, como Bruce Nauman, Walter De Maria, Richard Serra e Carl Andre.

"Quis misturar as gerações para fazer uma mostra sobre o presente e a impossibilidade de síntese", diz Gioni. "Vejo que a missão de uma bienal é tão absurda quanto um museu do mundo todo."

 

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