Publicidade
Publicidade
Curador quer que Bienal de Veneza espelhe o mundo
Publicidade
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Nos anos 1950, o mecânico ítalo-americano Marino Auriti sonhou com uma torre de 136 andares. Seria um museu do mundo, lugar para arquivar todo o conhecimento humano, da "roda ao satélite".
Mais de meio século depois, Massimiliano Gioni, o italiano à frente da próxima Bienal de Veneza, resgatou a imagem para estruturar a 55ª edição da mostra, que começa em junho querendo ser um "Palácio Enciclopédico".
Gioni, 40, é o mais jovem a assumir a mais velha e importante das bienais de arte do mundo. E ressuscita na forma da exposição o antigo conceito de museu para criar um espelho da vida contemporânea.
Divulgação | ||
Massimiliano Gioni, curador da próxima Bienal de Veneza |
"Esse sonho de um museu gigante é como nossa experiência digital", diz o curador à Folha. "Na era virtual, tudo também é sincrônico, o passado é revisto o tempo todo na internet. Quero contemplar essas temporalidades do jeito que já pensamos várias geografias."
Nesse mapeamento híbrido, entraram três brasileiros: Bispo do Rosário, Paulo Nazareth, que estará na Bienal de Lyon, e Tamar Guimarães, radicada em Copenhague.
No total, 150 artistas de 37 países foram escalados para a mostra principal, sem contar aqueles espalhados pelos 88 pavilhões nacionais --a representação oficial brasileira terá Odires Mlászho e Hélio Fervenza, que estavam na última Bienal de São Paulo.
Bispo do Rosário, aliás, é outro que esteve no centro da mostra paulistana e agora chega a Veneza. "Sua ansiedade para reinventar o mundo tem tudo a ver", diz Gioni. "Ele representa essa tentativa de destrinchar o universo, o que é a essência da mostra."
CATÁLOGO DA VIDA
É uma "essência" parecida com a de outras exposições. Enquanto a última Documenta, em Kassel, na Alemanha, também estabeleceu uma ponte entre artistas profissionais e autodidatas, como Bispo, e a Bienal de SP refletiu sobre a obsessão em catalogar toda a vida real, Veneza será um "arquivo da imaginação".
"Deve haver alguma coisa no ar", diz Gioni. "Mas quero ir além da ideia de arquivo ou da divisão entre artistas treinados e não treinados. Penso em arte contemporânea de forma mais ampla."
Mais ampla e mais profunda. Gioni, que é também o curador-chefe do New Museum, em Nova York, tenta se consagrar com uma Bienal de Veneza mais densa do que as mostras que já organizou no museu americano.
E também quer provocar. Gioni já avisou que vai repetir nomes da última Bienal --no caso da americana Trisha Donnelly, vai exibir a mesma obra no mesmo lugar em que estava há dois anos. Também deixou que Cindy Sherman, famosa por seus autorretratos disfarçados, não tivesse obras na mostra e convidasse outros para ocupar seu lugar.
Donnelly e Sherman, aliás, são só os exemplos mais jovens de uma forte presença de americanos consagrados.
Italiano radicado nos EUA, como o inventor do "Palácio Enciclopédico", Gioni está ancorando sua seleção em italianos esquecidos e norte-americanos de peso, como Bruce Nauman, Walter De Maria, Richard Serra e Carl Andre.
"Quis misturar as gerações para fazer uma mostra sobre o presente e a impossibilidade de síntese", diz Gioni. "Vejo que a missão de uma bienal é tão absurda quanto um museu do mundo todo."
+ CANAIS
+ NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice