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Casal cego do Mali toca seu afro blues no Sesc Pompeia
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TRAJANO PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Vocês devem se sentar e conversar. Discutir juntos, malineses. Conflitos raciais não são bons. Discutir juntos, guineenses. Conflitos raciais não são bons. Discutir juntos, marfinenses."
A letra de "Unissons Nous" ("unamo-nos"), música da dupla Amadou & Mariam --que faz shows nesta quinta-feira (21) e na sexta em São Paulo--, pede a união.
O tema é recorrente na discografia do casal apresentado ao mundo em 2005 com o álbum "Dimanche à Bamako", produzido por Manu Chao.
Francois Mori/Associated Press | ||
Mariam e Amadou recebem Prêmio Victoire 2013 em Paris |
Desde aquele ano, sua música --chamada no Ocidente de afro blues--, misto de canções de amor e de temas políticos, ganhou ouvintes fora do Mali, país natal da dupla.
Apesar do rótulo e dos temas às vezes sérios nas letras --cantadas em francês e predominantemente em bambara, língua nativa--, a forte base de instrumentos de percussão e corda dá ao som um tom positivo e alegre, mais "afro" que "blues".
"Sempre quis abrir as portas do continente ao mundo", diz Amadou Bagayoko, 58, principal vocalista e instrumentista da banda, em entrevista por telefone, de Paris.
E é fato que portas foram abertas. Desde a descoberta de sua música fora da África, a dupla tocou em festivais como Coachella e Lollapalooza (EUA) e o inglês Glastonbury.
Apesar disso, Amadou diz que sua arte ainda fala alto aos africanos. "Nossas canções são bem recebidas na África por todo mundo. É evidente que ninguém mais quer demagogia, ninguém mais quer corrupção", diz.
A música ainda não venceu a vida difícil no Mali, para onde a França recentemente enviou tropas para combater atos de violência perpetrados por fundamentalistas.
"Em 2012, passamos muito tempo na França. Mas estávamos em Bamaco [a capital] quando os franceses chegaram. Em boa hora", ele diz.
Hoje chacoalhado pela violência, a riqueza musical do país, que já deu ao mundo nomes como Salif Keita, é explorada no filme "Music in Mali".
O documentário é dirigido pelo americano Aja Salvatore e tem produção musical do brasileiro Rafael Tudesco, radicado em Los Angeles. Eles têm uma gravadora especializada em música africana.
"Nunca imaginei que metade do país seria tomada por extremistas. Não é o tipo de islã com que convivemos em nossas viagens", diz Salvatore, que fez viagens frequentes ao país na última década.
Ele pretende terminar o filme a tempo de inscrevê-lo em festivais ainda neste ano.
Amadou --entrevistado no filme-- reafirmou à Folha a esperança que marca suas letras."O futuro da África? Vai dar certo! Antes, havia muitos golpes de Estado; hoje, temos um pouco mais de democracia, estamos na transição. Vai dar certo!", diz.
AMADOU & MARIAM
QUANDO quinta-feira (havia poucos ingressos quando esta edição foi concluída) e sexta-feira (esgotado), às 21h30
ONDE Sesc Pompeia - Choperia (r. Clélia, 93; tel.: 011/3871-7700)
QUANTO de R$ 10 a R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
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