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23/03/2013 - 03h28

Crítica: Noite finlandesa da Osesp tem precisão nórdica e alma latina

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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

O crítico americano Alex Ross comenta a atual emergência da Finlândia no cenário clássico, "um país de 5 milhões de habitantes que produziu um número desproporcional de cantores, regentes de grandes orquestras e vários compositores de estatura internacional".

Para ele, isso se deve ao investimento maciço do Estado --na contramão dos cortes de "subsídios intelectuais" feitos pela maioria dos países europeus--, o que nos fez conhecer nomes como Esa-Pekka Salonen, Kaija Saariaho e Magnus Lindberg.

Paralelamente, um compositor nórdico que atuou no início do século 20, o dinamarquês Carl Nielsen (1865-1931), é atualmente tema de um ambicioso projeto de concertos e gravações realizado pela Orquestra Filarmônica de Nova York.

Desirée Furoni/Divulgação
Concerto da Osesp com pianista Nicholas Angelich e o regente finlandês Osmo Vänskä
Concerto da Osesp com pianista Nicholas Angelich e o regente finlandês Osmo Vänskä

Depois de trazer Lindberg como compositor em residência e anunciar um ciclo completo das sinfonias de Jean Sibelius (1865-1957) --o nome mais célebre da música finlandesa--, a Osesp apresenta nesta semana um programa que reflete diretamente esse contexto.

Sob a regência do finlandês Osmo Vänskä, a orquestra toca "Minea", de seu conterrâneo Kalevi Aho (nascido em 1949), e a "Sinfonia nº 5" de Nielsen, além do "Concerto nº 3" para piano de Beethoven (1770-1827) com solo de Nicholas Angelich.

Na estreia, na quinta-feira (21), "Minea" impressionou pela força da escrita e pela interpretação quente. Vänskä desenha o som no ar: seu gestual não indica apenas tempo e volume, mas define timbres, enuncia o caráter das frases.

Uníssonos (o reforço de uma única nota) realizados por piano, clarinete e trompete são elos inesperados entre Aho e a latinidade contemporânea do cubano Leo Brouwer.

Em Beethoven, entretanto, o piano esteve um pouco pesado em relação à orquestra, como se ambos tivessem diferentes visões do compositor. Houve sincronia, mas talvez tenha faltado apurar as intenções.

Muita gente saiu antes na sinfonia de Nielsen, talvez pelo fato de a obra ter uma estranha forma compacta. Mas suas duas partes encampam os tradicionais quatro movimentos, como se contassem uma história cheia de parênteses e cortes.

Pena, porque foi tocada com uma precisão nórdica e regida com uma alma latina.

OSESP: VÄNSKÄ E ANGELICH
AVALIAÇÃO bom

 

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