Queremos que "CQC" seja "Pasquim" da fase gloriosa, diz Tas
Depois de uma batalha de dois meses e quase 300 mil assinaturas em um abaixo-assinado via internet, os jornalistas do programa "CQC" (Custe o Que Custar), da Band, obtiveram novamente autorização para realizar reportagens no Congresso Nacional.
Renato Stockler/Na Lata |
Marcelo Tas comemora aprovação para entrada no Congresso |
O "CQC" de ontem (30), que comemorou essa vitória, deu média de cinco pontos no Ibope da Grande São Paulo entre 22h11 e 23h49 e ficou em quarto lugar na audiência.
No mesmo horário, Globo ficou em primeiro lugar, com 23 pontos, Record em segundo, com 15 pontos, e SBT em terceiro, com dez pontos de média.
A liberação para a cobertura política em Brasília foi celebrada ao vivo pela equipe do humorístico.
"Quero acreditar que fizeram isso porque nós estamos num regime democrático, que a ficha deles caiu. Essa proibição era um absurdo", disse hoje à Folha Online o apresentador da atração, Marcelo Tas.
O "CQC" foi expulso pela polícia do Congresso, após seu repórter perguntar por que os deputados discutiam a reforma tributária, já que muitos deles haviam assumido publicamente o uso de caixa dois em suas campanhas. Desde então, o programa teve suas credenciais invalidadas.
"Acho que vivemos um momento extremamente delicado. Se a gente começa a se acostumar com essa pequena censura que vem acontecendo, tudo está perdido. Tem veículo sendo multado por entrevistar candidatos a prefeito e até jornal que tem capa publicada através de liminar. Isso é muito grave. E o pior: o pessoal que está patrocinando esta tortura é o mesmo que lutou contra ela no passado", considerou Tas.
Jornalismo irreverente
A quem declara que o "CQC" não faz jornalismo, Marcelo Tas tem a resposta na ponta da língua.
Divulgação |
Marcelo Tas (à frente) comanda time do "CQC", programa que mistura humor e jornalismo |
"Nós somos jornalistas. Eu trabalho com jornalismo há 25 anos. Já trabalhei na Folha e na 'Isto É'. O 'CQC' faz um jornalismo com humor e com irreverência. É uma forma de comunicar uma fatia do telespectadores que geralmente não se interessam por essas histórias [de política]", fala.
"Alguns políticos e artistas entenderam que somos um bom veículo de comunicação, como foi o caso de nomes como Leila Lopes [atriz], Eduardo Suplicy [senador], Paulo Maluf [deputado federal] e Aécio Neves [governador de Minas] e até o [prefeito Gilberto] Kassab, cuja ficha caiu agora", diz.
Com a aproximação das eleições, o "CQC" vai investir na cobertura política. "Vamos acompanhar de perto essa campanha. Não acho que tenha político que odeie a gente. Eles odeiam os seus próprios fantasmas. Eles têm problemas com eles próprios", afirma Tas.
O apresentador exemplifica. "O [José] Genoino começa a falar frases absurdas quando vê o microfone do 'CQC'. São frases dos generais da ditadura, daquelas tipo 'nada a declarar'."
O apresentador disse ter se assustado quando percebeu que o político Paulo Maluf é um dos apoiadores mais vorazes do programa. "Acho que os psiquiatras são melhores para explicar a realidade do que os jornalistas", brinca.
Novo "Pasquim"
Questionado se o "CQC" seria uma espécie de "Pasquim" [jornal que tratava a política com humor nos anos 70 e cujos fundadores chegaram a ser presos] dos século 21, Tas foi reticente.
"Eu quero ser mais ambicioso do que isso. Não quero daqui a alguns anos pedir uma indenização como o Jaguar e o Ziraldo fizeram. Que fiquemos na fase gloriosa do 'Pasquim' e não esse trágico desfecho das figuras que eu tanto respeitava".
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