Shows raros de Maria Bethânia caem na internet
"É muito raro acontecer de, em uma sexta-feira, eu cantar uma música de fora do repertório de cena. Porque normalmente o público de sexta-feira é muito sério, e me exige uma elegância. E eu gosto que ele me exija isso porque me sinto elegante. Acontece que meu irmão, Rodrigo, ele é apaixonado por uma música. E tem uma pessoa gravando o show para ele. Ele me pediu para cantar, para incluir nessa gravação que vai ter, uma música que adora. Com licença."
A esse texto, dito em show nos anos 70, Maria Bethânia emendou "O Ciclone" (de Adelino Moreira), samba-canção que jamais gravaria em disco. Se Rodrigo ficou feliz com o presente "exclusivo" que ganhou da irmã naquela sexta, muitos fãs da cantora andam sentindo emoção parecida.
A faixa está entre as muitas raridades que caíram na internet recentemente, incluindo Maria Bethânia no universo dos bootlegs --gravações não-oficiais de shows que circulam entre fãs.
Estão lá versões integrais dos históricos "Drama" (1973), "Pássaro da Manhã" (1977), "Maria Bethânia" (1979, referente ao álbum "Álibi"), "Estranha Forma de Vida" (1981), "A Hora da Estrela" (1984) e "Dadaya - As Sete Moradas" (1989), num total de 17 apresentações da cantora que podem ser baixadas pelo blog (Re)Verso (mariabethaniareverso.blogspot.com) ou pela comunidade homônima no Orkut.
A qualidade das gravações varia. As melhores são as captadas diretamente na mesa de som, como "Mel" (1980) e "Rosa dos Ventos" (1971). A versão bootleg desta última, um dos espetáculos mais importantes da história da MPB, tem mais do dobro do repertório lançado no LP oficial. Descobre-se que o set incluía até "Vapor Barato", a mítica canção de Jards Macalé e Waly Salomão que Gal Costa levava em seu show "Fa-Tal" naquele mesmo ano.
Em outros casos, como em "Maria" (1988), a qualidade do som é mais precária e nota-se nitidamente que a captação foi feita na base do gravadorzinho no colo. Mas servem bem como documento do espetáculo.
Os cariocas Magno Santos, 30, e Eduardo Lott, 28, dois dos seis donos do (Re)Verso, afirmam que esse material chegou a eles pelas mãos de outros fãs de Bethânia. Mas dizem não ter ideia de quem fez as gravações. "Nossa função é partilhar essas músicas sem nos importarmos com quem as registrou", dizem em e-mail conjunto enviado à reportagem da Folha.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a cantora afirma que não acessa comunidades e blogs dedicados a ela. Mas não se incomoda em saber que esse material está disponível na internet, já que se trata de compartilhamento sem intenções comerciais.
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