Há um século nascia Burle Marx, expoente do paisagismo moderno
Roberto Burle Marx, cujo centenário de nascimento é comemorado nesta terça-feira (4), levou o paisagismo moderno ao estado de arte, imprimindo em pinturas, esculturas, tapeçarias e, principalmente, em jardins públicos e particulares as belezas e peculiaridades da botânica brasileira.
Veja imagens da carreira e de obras de Burle Marx
Américo Vermelho /Folha Imagem |
Roberto Burle Marx num dos jardins que projetou no edifício sede da Petrobras, no Rio |
Nascido na capital paulista, Burle Marx esteve em contato com o mundo das artes desde a infância por influência dos pais, Cecília Burle e Wilhelm Marx. Enviado à Alemanha para tratar de um grave problema de visão, acabou conhecendo exemplares da vegetação brasileira mantidos em estufas do Velho Continente.
Na Europa, visitou diversos museus e galerias de arte, se aproximando dos trabalhos de Vincent Van Gogh e Matisse, pintores que marcariam suas obras posteriores.
Após retornar ao Brasil, nos anos 30, Burle Marx cursou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde travou contato com artistas plásticos e arquitetos.
Dos projetos paisagísticos do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e da Embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, ao jardim do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, Burle Marx elaborou centenas de espaços ao redor do planeta.
"Você olha o piso da calçada de Copacabana, olha o aterro do Flamengo, e não tem como não lembrar do Burle Marx", diz a arquiteta Iracy Fortes Sguillaro, professora de paisagismo do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, sobre dois dos projetos mais célebres do artista.
Fortes Sguillaro destaca o trabalho de Burle Marx com água e pedra, elementos integrados em seus projetos de forma a sugerir uma disposição natural dos jardins.
"Ele procurou inserir espécies brasileiras em uma composição moderna. Não tem a rigidez do jardim francês ou inglês" explica a professora, que ressalta o cuidado de Burle Marx ao planejar um jardim antevendo as espécies em sua idade adulta.
"Ele é o grande professor do paisagismo moderno", diz.
Outra característica marcante no trabalho do paisagista, morto em 1994, é o diálogo com a arquitetura circundante. Lucio Costa e Oscar Niemeyer foram dois dos arquitetos com os quais Burle Marx desenvolveu dezenas de trabalhos durante a carreira.
O Parque Burle Marx, em São Paulo, e o Sítio Guaratiba, no Rio de Janeiro, são dois dos locais que guardam o legado do maior nome do paisagismo brasileiro.
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