Fã de Elis Regina, Corinne Bailey Rae vem ao Brasil pela primeira vez
Corinne Bailey Rae queria conhecer o Brasil. Se não viesse agora mostrar as músicas do álbum "The Sea", o segundo de sua carreira, viria de férias mesmo. Fã de Elis Regina e das harmonias da Bossa Nova, ela falou à Folha antes de embarcar para a América do Sul. Hoje ela se apresenta em São Paulo e sábado, dia 6, no Rio de Janeiro.
Anna-M.Weber/Divulgação | ||
A inglesa cantora Corinne Bailey Rae durante show em Londres |
Folha - Produtores já haviam feito o convite para você vir ao Brasil antes. Por que demorou tanto?
Corinne - Eu queria ter ido na época do lançamento do meu primeiro álbum ["Corinne Bailey Rae", de 2006], mas nunca deu certo. Estou feliz porque finalmente irei. Eu tinha pensado até em passar férias, mas vai ser muito melhor tocar.
Você gosta de música brasileira?
Me encanta a forma como os brasileiros se expressam. Eu amo a música brasileira, especialmente Bossa Nova. Eu gosto muito da Elis Regina e do João Gilberto. Acho o som incrível. A harmonia deste tipo de música é bem elaborada e há mudanças na velocidade. Eu adoro o efeito e me inspiro nele para fazer algumas harmonias e melodias minhas.
Então há influência da música brasileira no seu trabalho?
Sim, da Elis Regina, por exemplo, e seu modo de cantar. Ela é incrível. Eu acho que ela soa muito original. As pessoas geralmente têm medo de se mostrar, sabe? É muito bonita a forma como ela canta, como expressa o que está sentindo nas canções.
"Put Your Records On" fez você ficar conhecida no mundo todo. Você gosta de cantá-la?
Eu gosto das pessoas gostaram tanto desta canção. Foi muito divertido escrevê-la. E para mim é obviamente excitante que ela tenha feito tanto sucesso. Foi uma música muito importante para o meu primeiro álbum, mas eu odeio quando alguém me pergunta se planejo escrever uma canção parecida. Gosto de fazer coisas diferentes.
É uma música muito alegre. Você costuma ter algum pensamento recorrente quando a interpreta?
Cantá-la me dá sensação de liberdade. É uma oportunidade de escapar da mente. Eu me perco quando canto. É como se entrasse num outro estado de consciência, como se afundasse num lugar em que não estou consciente ou pensando. Me sinto livre e não sei exatamente o que estou fazendo. É meio espiritual. Eu adoro e preciso fazer isso.
Percebe-se uma grande mudança entre seu primeiro álbum e "The Sea", lançado no início deste ano, que é dedicado à memória de Jason Rae (marido da cantora, que morreu por overdose acidental em 2008). É doloroso para você cantar as canções?
Ter passado pela experiência é doloroso. Foi muito difícil o momento em que tudo aconteceu. Cantar ou falar sobre isso é normal para mim. É verdadeiro. Tudo aconteceu mesmo. E gosto de escrever músicas honestas. O disco todo não é apenas sobre luto e ausência, mas eu me vi escrevendo também sobre isso. Não é doloroso cantar. A dor existe. Falar sobre isso não me faz sofrer ainda mais. É apenas ser honesta.
Acredita que seu álbum possa trazer esperança para quem passou pelo mesmo tipo de experiência?
Eu espero que o álbum seja positivo e genuíno. Espero que ele comunique o que eu sinto, as mudanças, e que as pessoas aproveitem. Algumas canções são mais sexy. Eu espero que as pessoas sejam inspiradas pelo amor. E também que quem tenha passado por esse tipo de perda saiba que é possível seguir em frente, enfrentar a dor.
Há fãs reclamando do preço do ingresso para os shows no Brasil. Você sabe quanto custa?
Não.
Em São Paulo, o mais barato é R$ 150 e o mais caro R$ 600...
O quê?! Sério?! Eu não sabia disso. Eu sempre peço que o preço seja acessível. Eu não sabia que era tão caro. Vou falar com meu empresário! É uma vergonha esse preço!
Você gostaria que fosse mais barato?
Com certeza. Eu quero que quem gostar do meu trabalho possa ir, mesmo que esteja desempregado, por exemplo. Eu não sabia mesmo desses preços!
CORINNE BAILEY RAE
QUANDO hoje, às 21h30
ONDE Via Funchal (r. Funchal, 65; tel.0/xx/11/3846-2300)
QUANTO de R$ 150 a R$ 600
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
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