Passar no vestibular para um curso no segundo semestre mudou a vida de Ivan Cardoso. Aos 18 anos, ele aproveitou os meses ociosos para estudar fotografia.

Quatro décadas e 70 mil negativos depois, Ivan abre uma exposição na galeria Graphos, em Copacabana (zona sul do Rio), na qual exibe 80 retratos de personalidades tão díspares quanto o artista plástico Hélio Oiticica (1937-80), o ator Tião Macalé (1926-93) e o carnavalesco Clóvis Bornay (1916-2005).

As imagens, em preto e branco, agora foram coloridas a mão. "Dei uma nova expressão. Mas quem olhar essas figuras poderá conhecer minha trajetória", diz Cardoso, ao lado do quadro do poeta Torquato Neto (1944-72).

Ainda coube a Torquato, há 40 anos, ser o protagonista de seu primeiro longa, "Nosferato no Brasil", filmado em super-8.

	Ivan Cardoso/Divulgação
	Décio Pignatari com Haroldo (esq.) e Augusto de Campos (dir.)

Tal formato projetou Cardoso para o cinema. Amadoras, as produções em super-8 não chegavam ao circuito. O "mestre do terrir" (mescla de humor com terror) só começou a ganhar dinheiro quando abraçou formatos comerciais de película, nos anos 80.

Cardoso acabou de finalizar o filme experimental e digital "Enigmáticos Sinais". "Vou exibi-lo em museus e galerias", diz.

Filmes que não passam em salas comerciais, liberdade estética, câmeras mais leves... Seria o uso da moderna tecnologia uma forma de voltar ao seu suporte original? "Sim. O digital é o parente mais sofisticado do super-8."

A exposição e o novo filme celebram seus 40 anos de vida artística, nascida no semestre que deveria ser sabático. "Aqueles seis meses foram a minha perdição", sorri. "Ou a minha salvação."

EXPOSIÇÃO IVAN CARDOSO
QUANDO seg. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 10h às 14h; até 29/10
ONDE Graphos: Brasil (rua Siqueira Campos, 143, Rio; tel. 0/xx/21/ 2255-8283)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre