Lançamento de "Before Watchmen" divide fãs de quadrinhos
Quando "Watchmen" foi lançada, em 1986, as histórias em quadrinhos nunca mais foram as mesmas. O roteirista Alan Moore e - em menor grau - o artista Dave Gibbons injetaram realismo, elementos literários e personagens psicologicamente complexos inéditos no formato.
A série em 12 partes ganhou a alcunha de "Cidadão Kane" dos quadrinhos. Foi o único gibi na lista da "Time" dos 100 maiores livros do século passado. Era uma obra considerada intocável. Isso mesmo, era.
Está sendo lançada, nesta quarta-feira (6), nos Estados Unidos, a revista "Before Watchmen: Minutemen", primeira de sete minisséries que se passam antes da trama de Moore sobre uma realidade paralela onde os heróis são caçados pelo governo na década de 1980.
O fato da DC Comics, editora de ambos os projetos, ter ido em frente na decisão de retornar ao universo de "Watchmen", mesmo sem o aval do criador, causou uma calorosa discussão sobre ética e ganância nos quadrinhos.
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Capa da série "Before Watchmen: Minutemen" |
Legalmente, a editora não está errada -ela é dona dos personagens e do título. Eticamente, a história é mais complicada.
Segundo Moore, os direitos seriam revertidos para ele e Gibbons quando a graphic novel saísse de circulação. No entanto, ela foi tão bem sucedida que ganhou diversas reedições e se tornou a graphic novel mais vendida da história -com 2 milhões de cópias vendidas até hoje. A DC nunca vai largar o osso.
"O problema é que nos falaram que 'Watchmen' seria um título nosso e que determinaríamos o destino dele", reclamou Moore ao site Seraphemera Books. O autor foi mais longe. "Se você comprar essas revistas, não precisa comprar mais nada escrito por Alan Moore."
"'Watchmen' foi concebida para ser uma história com começo, meio e fim. Ela deveria permanecer intocável", diz Sidney Gusman, editor-chefe do site brasileiro Universo HQ. "Todo mundo está careca de saber que a história é genial, um divisor de águas. Quem não se importa com os derivados que não compre", fala o artista Rafael Grampá ("Mesmo Delivery")
Nos Estados Unidos, o gerente da loja de quadrinhos Bergen Street Comics, de Nova York, anunciou que não irá vender os gibis em apoio a Moore. A discussão é tão acalorada que o artista Chris Roberson ("iZombies") pediu demissão da DC Comics por não concordar com as práticas comerciais da editora.
A polêmica, claro, vai ajudar nas vendas. "Watchmen", que virou filme em 2009 sem o suporte de Moore, é uma das poucas revistas em quadrinhos com apelo para quem nunca leu um gibi na vida. "Não vamos nos afastar da polêmica", contou o presidente da DC, Dan Didio ao jornal "Guardian". "Acreditamos na força do produto."
A Panini Comics, que lançará a obra no Brasil, ainda não tem data para a chegada da revista. Mas o editor Fabiano Denardin acredita no sucesso das obras escritas e desenhadas por grandes nomes das HQs atuais como Jim Lee, Darwyn Cooke e Brian Azzarello: "A expectativa é a melhor devido aos talentos envolvidos".
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