B.B. King encerra turnê brasileira com show "familiar" em São Paulo
Um show de B.B. King no Bourbon Street nunca pode ser menos do que uma celebração. Há 19 anos, foi esse lendário guitarrista de blues que inaugurou a casa paulistana dedicada ao gênero. Quando ele volta ao palco do Bourbon, não importa qual o repertório escolhido pelo mestre ou qualquer consideração sobre seu desempenho. O que vale é a festa.
Encerrando mais uma turnê no Brasil, com shows no Rio, em Curitiba e em São Paulo --onde se apresentou duas vezes no Via Funchal--, B.B. King tocou, conversou, brincou e flertou com a plateia do Bourbon na noite de domingo (7). Sentado, com sua guitarra Lucille no colo, praticamente um guru cercado por seguidores ávidos em receber qualquer acorde ou gesto como uma recordação daquele momento.
Aos 87 anos, B.B. King é a própria história do blues, construída entre muitos botecos e alguns salões luxuosos, lugares onde lamúrias amorosas se transformam em música inebriante. Quem teve chance de vê-lo há anos, mais jovem e vigoroso, pode compreender a alma do gênero.
Claro que as limitações físicas são evidentes. Os longos solos foram substituídos por conversas e piadas sobre trocar beijos com a namorada e homeopáticas doses de intervenções dele com a guitarra. Quem segura a parte musical do show é a veterana, simpática e virtuosa banda que o acompanha. Mas quando B.B. King resolve tocar, o que se escuta é o dedilhado suave, quase sensual, o mesmo que cativa fãs desde os anos 40.
Deixando de lado essa história de que o repertório nem importa tanto, nas verdade B.B. King escolheu alguns dos mais marcantes standards de blues que sempre tocou por aí.
O que é possível destacar de um show que abre com "I Need You So" e, antes de encerrar com "Guess Who", passeia por "Key to Highway", "The Thrill Is Gone", "You Are My Sunshine" e "When the Saints Go Marching In"?
O show de B.B. King no Bourbon ainda teve o clima positivo de ajudar a Associação Cruz Verde, que cuida de crianças com paralisia cerebral.
Para além da música, o encontro lembrou aqueles dias em que filhos, netos e bisnetos se reúnem para almoçar com o patriarca da família e ouvir suas histórias. Um troca de carinho e admiração. E um pouco de blues de arrepiar.
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