Diretor carioca é nome forte de crescente cena de ópera
Com uma agenda internacional que inclui óperas em Buenos Aires, o diretor carioca André Heller-Lopes, 41, está empenhado em celebrar o centenário de nascimento do compositor britânico Benjamin Britten (1913-1976).
Para encenar a ópera de Britten "Sonho de Uma Noite de Verão", de 1960, baseada na peça homônima de William Shakespeare, Heller-Lopes ganhou um prêmio internacional da Britten-Pears Foundation, entidade britânica que cuida do legado do compositor.
O espetáculo, que também conta com o apoio do British Council, sobe ao palco do Theatro Municipal do Rio em 5 de abril, com três récitas no parque Lage, na semana seguinte. Estão previstas apresentações no Municipal de São Paulo, entre 22 e 31 de março, que ainda dependem do consentimento do novo comandante da casa, o maestro John Neschling.
Karime Xavier/Folhapress | ||
André Heller-Lopes, que dirigiu uma encenação monumental de "Crepúsculo dos Deuses" |
ESTREIA
"É a estreia brasileira dessa ópera, reunindo um grande elenco nacional e com a particularidade de trazer a orquestra em cena, vestida em casacas verdes, como que fazendo parte de um dos maiores protagonistas da história, a floresta", explica o diretor.
Heller-Lopes falou à Folha às vésperas de embarcar para Salzburgo (Áustria), onde dirigiu, em 2010, uma montagem de "Tosca", de Puccini, e onde estreia, em fevereiro do ano que vem, uma encenação de "Eugene Onegin", de Tchaikovsky.
Em outubro, no Teatro Avenida, em Buenos Aires, leva à cena uma nova produção de "Jenufa", de Janácek.
Ele concilia a carreira internacional com as atividades de professor do departamento vocal da Escola de Música da UFRJ e de coordenador de elencos
da temporada de óperas de 2013 da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira).
Lopes começou sua trajetória como cantor lírico, no registro de tenor. Cansado de "ter a vida escravizada pelo próximo si bemol", como ele mesmo define, passou a buscar alternativas.
APERFEIÇOAMENTO
Aperfeiçoou-se no exterior, especializando-se na San Francisco Opera (EUA) e na Royal Opera House (Covent Garden), em Londres.
De volta ao Brasil, se firmou como um dos principais nomes da direção de ópera em sua geração.
Nos últimos dois anos, se destacou com "A Valquíria" e "O Crepúsculo dos Deuses", de Wagner, apresentadas no Municipal de São Paulo -passos importantes daquele que ambiciona ser o primeiro ciclo completo da tetralogia wageriana de "O Anel do Nibelungo" encenada em terras paulistanas, mas cuja continuidade também depende do aval de Neschling.
"Tenho uma paixão por comunicar e, como diretor, canto através das pessoas", explica ele.
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