Crítica: Mostra de arte ótica mistura nomes históricos e novatos sem lógica clara
Muitos são os movimentos que, surgidos dentro do modernismo, desenvolveram-se para além dele, criando ramificações e atualizações de seus princípios.
Um dos melhores exemplos é o surrealismo, que foi retomado na mais recente edição da Documenta, no ano passado em Kassel, na Alemanha. O expressionismo ou mesmo o dadá são outros movimentos que também ganharam atualizações em obras contemporâneas.
"Buzz", em cartaz no espaço anexo da galeria Nara Roesler, com curadoria do artista brasileiro Vik Muniz, busca mapear outro movimento que se insere nesse contexto: a op art ou arte ótica.
Trata-se de uma reunião impressionante de 74 obras de um grupo significativo de artistas de renome.
Muniz apresenta tanto aqueles que estiveram afinados com o movimento em seu início, caso do húngaro Victor Vasarely (1908-1997), considerado o pai da op art, ou mesmo nomes contemporâneos de peso, como Olafur Eliasson, conhecido por investigar fenômenos da percepção e, para tanto, criar obras de grande impacto.
A exposição exibe ainda um documentário sobre a exposição "The Responsive Eye", no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1965, que levou a op art a ser debatida de forma midiática nos Estados Unidos.
Entre artistas históricos, destacam-se Marcel Duchamp (1887-1968), com seus famosos "Rotoreliefs", de 1940, o alemão Josef Albers (1888-1976), com xilogravuras não tão conhecidas e o argentino Julio Le Parc, importante investigador das relações entre luz e movimento.
Já entre os nomes contemporâneos, Muniz traz até jovens artistas como Tiago Tebet, Felipe Barbosa e Rodolpho Parigi, todos brasileiros, com obras que até podem causar efeitos óticos, mas fica uma dúvida se esses são o cerne de suas poéticas. E aí encontra-se o problema de "Buzz".
A exposição tem uma pretensão museológica, muito válida, aliás, de avaliar a arte ótica de forma abrangente. Mas a simples justaposição dessas 74 obras não consegue gerar um eixo curatorial claro, que vá além da mera formalidade de trabalhos com caráter geometrizante.
Nesse sentido, muitas são as obras que parecem não estar confortáveis nesse cenário, como os desenhos de Lygia Pape (1927-2004), os relevos de Sérgio Camargo (1930-1990) ou mesmo a pintura de Yayoi Kusama.
Para se criar uma boa exposição não são necessárias apenas boas obras.
BUZZ
QUANDO de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 23/2
ONDE Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 0/xx/11/3063-2344)
QUANTO grátis
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