"Artistas malditos não existem mais", diz curador de colóquio da USP sobre o tema
"Os artistas malditos definitivamente não existem mais", diz Camille Dumoulié.
Professor de literatura da Universidade de Nanterre, em Paris (instituição que coorganiza o evento com a USP e receberá uma segunda parte do colóquio em outubro), ele acredita que o conceito "maldito" virou "um mito que continua ativo para dar a dimensão sagrada ao artista num mundo onde não há mais o aspecto sagrado da arte".
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Sua colega de organização do seminário, Eliane Robert Moraes, também relativiza o uso do termo hoje. "A noção de poeta maldito diz respeito a uma relação com a sociedade, e a do século 19 era muito estreita", diz. "Numa sociedade com os costumes relaxados, como a atual, estar à margem é outra coisa."
Uma das grandes atrações do colóquio, a escritora e ensaísta francesa Annie Le Brun, 70, que faz conferência amanhã, defenderá ponto semelhante. A poeta, que participou do grupo dos surrealistas nos anos 1960, vai defender "a impossibilidade dos malditos hoje".
Responsável por falar sobre um dos "malditos" mais recentes do colóquio, o rapper Sabotage, o professor João Camillo Penna (UFRJ) defende sua escolha, que considera "provocativa". "Ele criou uma língua particular", diz. "E simboliza a nova realidade das cidades contemporâneas, dos 'enclaves fortificados' e das comunidades segregadas", diz Penna.
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