CRÍTICA
'Pequeno Dicionário Amoroso 2' escancara zona de conforto do cinema nacional
O sucesso do primeiro "Pequeno Dicionário Amoroso" ajudou a mostrar que havia interesse do público pelo cinema nacional e contribuiu para dar vigor à retomada.
A continuação, duas décadas depois, mostra como o cinema comercial brasileiro estacionou no mesmo patamar, que uns chamam de zona de conforto, mas que também revela a preguiça de ser complexo escondida sob o pressuposto do que quer o público.
O filme repete a estrutura em verbetes chupada de "Fragmentos de um Discurso Amoroso", clássico em que Roland Barthes desmontou os clichês dos apaixonados.
Divulgação | ||
Andréa Beltrão e Daniel Dantas em cena do filme "O Pequeno Dicionário Amoroso" |
Em vez de explorar uma trama estruturada de forma convencional, o reencontro de Luiza (Andréa Beltrão) e Gabriel (Daniel Dantas) usa os verbetes como uma sucessão de esquetes que servem para representar a diversidade do desejo reunida em torno dos dilemas afetivos de cada um.
Maduros, Luiza e Gabriel vivem questões como separação, declínio da energia sexual e desconfiança, enquanto Alice, filha dele, e Pedro, filho dela, descobrem as dificuldades juvenis de toda vida amorosa e atualizam o filme, com experiências como o sexo virtual e o poliamor.
O defeito desse modelo é que os personagens nunca ganham consistência, são feixes de comportamento, âncoras de identificação para o público se reconhecer com conforto, mas sem confronto.
O resultado ainda é simpático, assim como simplório.
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