CRÍTICA
Basta um telão e ingressos para chamar 'Vai que Cola' de filme?
"Vai que Cola "" O Filme" tem tudo para se tornar em mais um latifúndio neste país dos sem tela, onde as maiores bilheterias ficam concentradas nas produções em sinergia com o que o povão já consome na televisão. Apesar do título, trata-se de fato de cinema? Ou basta passar num telão e cobrar ingresso para ser chamado de "o filme"?
O máximo que se mexe nesta versão do programa de humor do Multishow ao passar de um suporte a outro de entretenimento pago serve para liberar os personagens do palco teatral da pensão da Dona Jô e projetá-los nas ruas, nas areias do Leblon e no prédio classe A onde Valdomiro viveu seu passado de trapaceiro de elite.
Quem procura subtextos pode até encontrar material para causar nas redes sociais no modo anárquico como o filme representa a ascensão social da classe C ou democratiza ricos e pobres no mesmo caldo de vulgaridade.
Páprica Fotografia | ||
O ator Marcus Majella em cena de "Vai que Cola" |
O humor, sempre desobediente ao politicamente correto, permanece nada sutil e, para muitos, toda a graça do programa soará ainda mais ofensiva na tela grande.
A bichice louca de Ferdinando, a periguetice de Jéssica e o corpo sem cérebro de Máicol também não trazem novidades, além da amplificação do tamanho.
O QUE SALVA
Entre os convidados, a boa surpresa é Oscar Magrini, que faz seu papel de sempre até que, no final, aproveita um instante para oferecer ao público uma risada safada.
No papel central, Paulo Gustavo reserva para si os melhores momentos. Fica evidente como seu gestual destrambelhado e seu modo acelerado de disparar as piadas e réplicas ganham no cinema um espaço de maior desenvoltura.
Não se trata de revolução nem de renovação do humor brasileiro, mas para quem não se incomoda com a indigência das nossas comédias, "Vai que Cola "" O Filme" até que cola.
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