Lázaro Ramos e Taís Araújo revivem último dia de Martin Luther King
A figura mítica de Martin Luther King é deixada de lado em "O Topo do Montanha", peça que estreia nesta sexta-feira (9), em São Paulo, com o casal Lázaro Ramos e Taís Araújo no elenco.
O que busca o texto da americana Katori Hall é mostrar o lado humano, com seus erros e medos, do pastor e ativista político, um dos principais nomes na luta pelo direito dos negros nos Estados Unidos.
"É uma peça feita para humanizar a imagem desse líder", afirma Taís. "Não é uma homenagem a Martin Luther King", completa Lázaro, que divide a direção com Fernando Philbert. "Desde o princípio, o que quisemos trazer são as questões que ele levantava, como a coragem, o não preconceito, a autoestima, a não violência, o afeto."
Trata-se dos momentos derradeiros de King, logo após seu discurso "The Mountaintop" (o topo da montanha), numa igreja de Memphis, em 3 de abril de 1968 –ele seria morto no dia seguinte, aos 39 anos.
No quarto de hotel onde passou a sua última noite, King (Lázaro) se depara com a bela camareira Camae (Taís). Desbocada, ela desata a questionar as atitudes e os pensamentos do ativista, seus medos e até seu lado mulherengo. "Ela está lá para provocá-lo", conta a atriz.
Ali, King –que era odiado por muitos segregacionistas do sul dos EUA– já pressentia sua morte. "O medo virou o meu melhor amigo", diz o personagem em cena.
O encontro é fictício. Mas tudo –falas, acontecimentos e até uma briga de travesseiros– é baseado em episódios que King viveu com outras pessoas, explica o casal.
VERSÃO BRASILEIRA
Escrita em 2009, a peça já teve montagem na Broadway dois anos depois, com os atores Samuel L. Jackson e Angela Basset no elenco.
Mas o primeiro contato de Lázaro e Taís com o texto não foi positivo. Já tinham ouvido indicações dos diretores Dennis Carvalho e João Falcão, porém acharam a peça muito americana, difícil para o público brasileiro.
Foi só quando Lázaro entrevistou, em 2013, o então ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa para o programa "Espelho" (Canal Brasil) que se deparou com uma tradução que lhe agradasse. Recebeu a versão de Silvio Albuquerque, chefe de gabinete de Barbosa.
Do original, foram retiradas referências muito locais. A montagem tampouco é fiel às indicações detalhadas da autora em relação ao cenário e à luz –na versão brasileira, esta é pouco realista, sugerindo um ambiente onírico.
"Quisemos mostrar um grande líder que se viu no dia de sua morte em contato com suas fragilidades e forças", diz Lázaro. "Ele era um visionário. Coisas que dizia nos anos 1960 são o que a gente ainda precisava ouvir em 2015."
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade