Atingido por incêndio, Museu da Língua tem cópias digitais de acervo
O Museu da Língua Portuguesa, foco de um incêndio de grandes proporções nesta segunda-feira (21), funciona em um imponente prédio na Luz, em São Paulo, desde 21 de março de 2006.
Diferentemente de outros centro culturais tradicionais, o espaço não tem acervo tombado. É conhecido, principalmente, pela memória de suas exposições e material digital.
Segundo Isa Grinspum, curadora do museu na época de sua inauguração, a maior parte do material de pesquisa e roteiros mantida tem cópia digital. Ela diz que uma pequena parcela do acervo era composta por objetos físicos.
Para Grinspum, a maior perda é arquitetônica. "É um prédio importantíssimo, um patrimônio. O espaço que foi criado ali já tinha uma identidade, mas que pode ser reconstituída", afirma.
Com aproximadamente 4 mil metros quadrados abertos para a visitação, o Museu da Língua apresenta ao público a história, a importância e as variações do idioma. Em 2014, foi o quinto museu mais visitado de São Paulo —mais de 386 mil pessoas passaram pelo lugar.
A instituição já recebeu mostras como "Grande Sertão: Veredas" (2006), "Clarice Lispector - A Hora de Estrela" (2007), "Marchado de Assis: mas este capítulo não é sério" (2008), "Oswald de Andrade: o culpado de tudo" (2011), "Jorge Amado e Universal" (2012) e "Rubem Braga: O Fazendeiro do Ar" (2013).
Desde 20 de outubro, exibia "O Tempo e Eu e Vc - Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa". Ela explora o universo de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), etnógrafo, escritor e estudioso da cultura popular brasileira.
A vida e a obra de Cascudo são apresentadas por meio de ações interativas e tecnológicas. A mostra tem ainda peças em madeira, material altamente inflamável.
A exposição, que acontecia no primeiro andar do edifício, é dividida em cinco módulos: biografia, danças, oralidade, crenças e cozinha brasileira. Cascudo escreveu mais de 150 livros, como "Dicionário do Folclore Brasileiro" e "História da Alimentação no Brasil".
O Museu da Língua tem equipe de criação e pesquisa composta por mais de 30 pessoas, entre sociólogos, museólogos, especialistas em língua portuguesa e artistas que trabalharam sob a orientação da Fundação Roberto Marinho, instituição responsável pela concepção e implantação do lugar.
O projeto, avaliado em cerca de R$ 37 milhões, tem autoria dos arquitetos Pedro Mendes da Rocha e Paulo Mendes da Rocha.
Às segundas-feiras, o museu não é aberto à visitação. De acordo com o Corpo de Bombeiros, por volta das 17h, 20 viaturas trabalhavam para extinguir as chamas no lugar.
Segundo informações preliminares, as chamas atingem o segundo e o terceiro andares do local. De acordo com uma funcionária do museu que não quis ser identificada, o incêndio começou na sala de exposições.
Funcionários relataram ainda que deixaram o prédio após ouvir o alarme.
Além da exposição sobre Cascudo, o Museu da Língua exibia uma mostra com mais de cem obras entre charges, caricaturas e histórias em quadrinhos.
A exposição "Esta Sala é uma Piada" ficaria em exibição até 28 de fevereiro. Parte das obras estava em uma tela virtual.
Os desenhos foram selecionados do 42º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, o evento mais importante do gênero no mundo.
Neste ano, o tema foi a sociedade contemporânea e a corrupção. Havia obras de países como Irã, Turquia, França e Cuba.
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