crítica
'Até que a Sorte Nos Separe 3' bate todos os índices de ruindade
Há uma única coisa boa neste terceiro episódio da série de grande sucesso: a promessa contida no título, "Até que a Sorte Nos Separe 3: A Falência Final". Essas coisas costumam ser burladas pelo poder da caixa registradora. Mesmo assim, a palavra "final" representa esperança.
Dirigido por Marcelo Antunez e Roberto Santucci, este longa, sendo ou não o último, não só é o mais constrangedor da série, como bate todos os índices de ruindade da comédia brasileira atual. Cinematograficamente é nulo. Não há uma imagem bem pensada no filme.
Resta-nos falar da trama. Tino (Leandro Hassum) continua sendo um sortudo. Por mais que seu talento para perder dinheiro pareça infindável, ele sempre encontra um jeito de voltar à boa vida, para alegria de sua mulher Jane (Camila Morgado).
Desta vez é a filha, Teté (Julia Dalavia), que fica noiva de Tom (Bruno Gissoni), filho do milionário Rique, interpretado por Leonardo Franco. Para que o pai da noiva pague a cerimônia, Rique dá a Tino um ótimo emprego em sua empresa de consultoria.
Divulgação | ||
Julia Dalavia, Camila Morgado e Leandro Hassum em cena de 'Até que a Sorte nos Separe 3' |
O mais impressionante em "Até Que a Sorte nos Separe 3" é que diálogos, cenas e situações refletem a mentalidade preconceituosa de certa classe média brasileira.
Para muitas pessoas, o roubo de uns é aviltante, enquanto o de outros faz parte da engrenagem política. Para elas, gastar dinheiro em shopping é o máximo, e vale tudo para estar em maior altura na pirâmide social.
CONTRAPONTO
O filme ameaça fazer um contraponto com os jovens noivos. Para Teté e Tom, dinheiro não é tudo. Representariam assim a nova geração que, munida de outros valores, poderia virar o jogo em que só o dinheiro comanda.
Mas essa possibilidade dura pouco. O desenrolar da trama permitirá a volta do sonho consumista, a corromper a mente dos jovens idealistas. Uma outra hipótese é a de que tudo seja justamente uma crítica a esse tipo de mentalidade. Algumas opções claramente preconceituosas do enredo, porém, afastam essa ideia.
Podemos dizer então que este terceiro longa, dirigido em piloto automático, representa com precisão a futilidade e a ganância que existem em parte de nossa sociedade.
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