Série conduzida por Morgan Freeman tenta mostrar unidade das religiões
Em dezembro de 2015, Morgan Freeman, 78, sofreu um acidente de avião. O jatinho SJ30, que o levava para as gravações de série documental "A História de Deus", estourou o pneu na decolagem, no Texas, e precisou fazer um pouso de emergência. O jato saiu da pista e espatifou-se na área de escape.
Apesar do susto, o homem que interpretou Deus em "Todo Poderoso" (2003) saiu ileso e conta que não rezou naquele momento. "Quando há amigos rezando por mim, sei que estou protegido. Falei para mim mesmo para não me preocupar, porque nada iria acontecer", diz Freeman à Folha, ao lado dos produtores da série, James Younger e Lori McCreary.
"Ele nos ligou do voo e estava completamente calmo. Disse que iria nos encontrar, mas precisaria pousar o avião antes", recorda-se McCreary.
Morgan Freeman tinha acabado de visitar o megatemplo evangélico do pastor Joel Osteen, no Texas –o maior dos Estados Unidos.
Também tinha viajado por cidades americanas e por países como Guatemala e Israel para estudar o fascínio, as similaridades e as diferenças entre as principais religiões do planeta.
O resultado é uma série em seis episódios exibidos pelo Nat Geo, todo sábado, às 22h30 –o segundo, exibido amanhã (16), faz um paralelo entre as formas como diferentes crenças abordam o Apocalipse e começa em Jerusalém.
"Aprendi que todas as religiões do mundo mantêm um ser central e ele prega à unidade, a unificação da humanidade", explica o ator americano, que admite crer em Deus "fortemente", mas não diz sua religião. "Nosso objetivo é iluminar o assunto e não fazer propaganda para uma religião ou outra", afirma James Younger.
"A História de Deus" tenta combater a ideia de que a fé esteja ligada ao fanatismo. "É fácil pensar que a religião causa violência no mundo, por causa de certos grupos, mas fizemos a série para mostrar que religião une mais que separa. A discórdia não vem da fé, mas da dificuldade das pessoas em compreenderem o ponto de vista das outras religiões", explica Younger.
Para Freeman, a religião "oferece mais conforto do que ódio", e guerras passaram a ser travadas "quando as pessoas começaram a nascer em lugares com pouca comida e a vida era mais hostil".
"Sigo um mandamento ensinado pela minha mãe à força: não faça com os outros o que você não quer que façam com você", confessa o bem-humorado ator. "Venho sempre em paz e não estou armado, mas não me dê um tapa na cara, porque vou revidar."
Em todas as andanças de Freeman pelo mundo para encontrar estudiosos e teólogos de diferentes crenças, ele diz não ter mudado sua opinião sobre Deus e, sim, seu conhecimento sobre o assunto.
"O hinduísmo acredita que você precisa ter uma vida produtiva espiritualmente para parar de reencarnar. Você deve ser uma boa pessoa para evoluir e não voltar. Fiquei chocado com isso", conta o astro, que filmou na cidade sagrada de Varanasi, na Índia.
TODO-PODEROSO
Dono de uma voz imponente que, na cultura pop, virou sinônimo da voz de Deus, principalmente por causa do papel em "Todo-Poderoso" e sua sequência, Freeman diz que ninguém fez essa ligação em sua jornada no estudo da fé.
"Acho que a religião é parte tão significante da vida dos meus entrevistados que a conversa nunca foi para esse lado, mesmo que tivessem visto os filmes", acredita o ator.
O que deve ter sido um bom sinal. Morgan Freeman não gosta de quando associam sua imagem a algo divino. "Interpretei Deus duas vezes no cinema, então entendo que as pessoas me liguem a essa imagem, mas não que me comparem. Não gosto de ser comparado a Deus. E ninguém deve ser."
NA TV
"A História de Deus"
Sábado (22h30), no Nat Geo
Livraria da Folha
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