crítica
Efeito 3D até impressiona, mas 'Assassin's Creed' é apenas para fãs
Reprodução/Video | ||
Michael Fassbender em cena de 'Assassin's Creed' |
O cinema de ação hollywoodiano virou mesmo um videogame. Nada mais propício, então, do que buscar suas histórias na fonte mais lucrativa da indústria do entretenimento atual.
É justamente essa a ideia por trás de "Assassin's Creed", longa baseado em uma série de jogos eletrônicos tão amada que a distribuidora brasileira achou melhor dispensar um título em português. Vai em inglês mesmo, como nas lojas dos shopping centers.
Na trama (se é que assim podemos chamá-la), o condenado à morte Cal Lynch (Michael Fassbender) é capturado por cientistas liderados pela bela Sophie Rikkin (Marion Cotillard).
Em outra encarnação (ou algo parecido), ele era o espanhol Aguilar, assassino de uma sociedade secreta em longa luta contra a Ordem dos Cavaleiros Templários.
Por meio de uma geringonça que parece saída do gibi do Homem-Aranha, Cal/Aguilar pode voltar ao século 15 para descobrir um valioso segredo.
PARA INICIADOS
Quem não está por dentro do mundo dos jogos eletrônicos provavelmente nunca ouviu falar de "Assassin's Creed" e talvez não seja atraído para as salas de cinema.
Por outro lado, a legião de fãs indica que teremos muitas sessões lotadas (a sessão para a imprensa foi uma das mais cheias que presenciei).
A direção coube a Justin Kurzel, aqui em seu terceiro longa, primeiro após o superestimado "Macbeth: Ambição e Guerra". Desse filme anterior ele conseguiu repetir a dupla Fassbender e Cotillard.
No elenco, também passam vergonha (e engordam suas contas bancárias) Jeremy Irons, Brendan Gleeson e Charlotte Rampling, entre outros menos cotados.
Assassin's Creed: Livro Oficial Do Filme |
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Assinam o roteiro Michael Lesslie, também roteirista do "Macbeth" de Kurzel, além de Adam Cooper e Bill Collage, que juntos escreveram "A Série Divergente: Convergente" e "Êxodo: Deuses e Reis".
O início nos leva à Inquisição espanhola, em 1492. Sejamos justos: nesse primeiro momento, o 3D impressiona. Não me lembro de um outro filme em que os atores estivessem tão destacados do fundo. Isso dura cinco, dez minutos.
Depois nos acostumamos ao circo da terceira dimensão e o que sobra: a correria desenfreada e o movimento constante entre um presente futurista e um passado uniformizado e alegórico.
O provável sucesso dessa versão sub-cinematográfica de "Assassin's Creed" encherá os cofres de muita gente. Mas cinema, não custa lembrar, é outra coisa. Envolve a representação de um mundo, a expressão de uma inquietude. Convém não misturar demais essas duas linguagens. A ressaca tende a ser violenta.
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