Crítica
Tatá Werneck satiriza a própria carreira em 'TOC'
Tatá Werneck é Kika K em "TOC", comédia que chega a grande circuito nesta quinta (2). Tatá Werneck também parece ser Kika K na vida real: a personagem é uma atriz que se vê presa nas engrenagens da fama, mais preocupada com o papel que vai ocupar nas capas de revista de boa forma que com os papéis que vai desempenhar em cena.
Não deve ser coincidência qualquer semelhança com a jovem cômica, que ganhou projeção fazendo humor em cima do mundo da celebridade e acabou virando uma do primeiro time após migrar para a Globo, uns anos atrás.
Uma anedota: quando tinha um programa de comédia na TV paga, Tatá fez um esquete que caçoava da estética de comerciais de xampu, com suas dublagens cafonas e fora de sincronia. Anos depois, acabou, quem diria, balançando as madeixas em reclames de cosméticos reais.
Divulgação | ||
Tatá Werneck é Kika K em 'TOC - Transtornada Obsessiva Compulsiva' |
Mas, ao contrário de Tatá, Kika sofre de transtorno obsessivo compulsivo e, por isso, não consegue pisar na cor preta e vive sofrendo sobressaltos por achar que esqueceu o fogão ligado.
O distúrbio dá um ritmo frenético ao filme, que tem linguagem de videoclipe, com intervenções gráficas sobre a tela em transição de cenas ou em episódios de delírio da protagonista.
Essa rapidez é ajudada por um roteiro fluido e com um útil espaço para improviso, arte primeira de Tatá. O resultado é um mosaico de cacos da cômica que enriquece o humor do longa.
O filme tem digressões que funcionam como esquetes e permitem à atriz soltar sua criatividade e requentar personagens antigos. O papel da moça abilolada na novela, por exemplo, é um revival de Fernandona, a menina que morava trancada no porão do "Comédia MTV".
Faço aqui um apelo para que todo filme nacional seja obrigado, por lei, a contar com Vera Holtz, uma cleptomaníaca de cenas no papel da empresária tabagista e com um caráter mais curto que o filtro dos seus cigarros.
Mas não só. O elenco todo está engraçado.
Bruno Gagliasso mostra desenvoltura como o namorado onanista. Luis Lobianco faz rir de nervoso como o fã obcecado pela atriz.
O longa autoirônico arrancou gargalhadas de uma sala cheia de jornalistas ranhetas –imagine o que deve conseguir com o público civil.
*
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade