Coleção Folha traz Ella Fitzgerald e sua história conturbada
O terceiro volume da Coleção Folha Lendas do Jazz chega às bancas no próximo domingo (2) apresentando uma das maiores cantoras do gênero, Ella Fitzgerald (1917-1996). Sua gloriosa carreira é uma história de superação.
No livro-CD, sua vida é contada por Carlos Calado, crítico musical e colaborador da Folha que organizou a coleção. Para ele, "quando alguém quiser conhecer o que se produziu de melhor no universo da canção norte-americana do século 20 vai ter de ouvir Ella Fitzgerald."
A trajetória de Ella parece o roteiro de um drama pesado. O pai abandonou a família quando ela tinha três anos. Na adolescência, sentiu a morte súbita da mãe e, ao que parece, sofreu abusos do padrasto. Em tentativas iniciais como cantora, esbarrou em empregadores que a consideravam muito feia.
No final dos anos 1930, entrou para a orquestra de Chick Webb, que só alcançou grande sucesso de vendas de discos com a voz privilegiada de Ella. Nos anos 1940, ela passou a gravar no selo Decca e teve temporada memorável na big band do trompetista Dizzy Gillespie, em 1946.
Depois de um concerto antológico no Carnegie Hall, em 1949, a cantora ganhou mais notoriedade. Em 1956, já na gravadora Verve, o álbum "Ella Fitzgerald Sings the Cole Porter Songbook" foi um divisor de águas. A partir dele, Ella gravou uma série de discos impecáveis dedicados ao repertório de grandes compositores, entre eles Duke Ellington e os irmãos Gershwin.
Nas décadas seguintes, Ella ficou ainda mais conhecida mundialmente com incursões na música pop, gravando Beatles e canções da Motown, o que fez parte da crítica jazzística torcer o nariz. Mas ela continuou a se apresentar com outras lendas do jazz, como Count Basie, Joe Pass e Oscar Peterson.
O sucesso como cantora foi acompanhado de mais problema pessoais em sua fase adulta. Elencou casamentos infelizes e, a partir do fim dos anos 1960, conviveu com inúmeros problemas de saúde. Diabética e viciada em trabalho, ela passou a ter dificuldades para enxergar e teve as pernas amputadas.
Seu legado é fantástico. O melhor de Ella Fitzgerald é também o melhor do jazz.
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