Fyre Festival: o luxuoso show nas Bahamas que virou um pesadelo
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Além dos shows, festas em iates foram anunciadas para promover o festival |
Bandas famosas se apresentando junto ao mar azul-turquesa, acomodações cinco estrelas, comida gourmet, festas em iates e a oportunidade de dançar com topmodels.
Isso é o que prometiam os organizadores do Fyre Festival, um evento musical que seria realizado durante dois fins de semana em uma ilha privada nas Bahamas e que pretendia competir com o de Coachella, na Califórnia (Estados Unidos).
Modelos como Bella Hadid, Emily Ratajkowsi e Kendall Jenner tinham promovido o festival em suas redes sociais, posando de biquíni.
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O evento ia acontecer nas Bahamas ao longo de dois finais de semana |
As entradas foram vendidas em dezembro, quando o evento foi anunciado, e os participantes pagaram US$ 1.000 e US$ 12 mil. Outros chegaram a desembolsar até US$ 50 mil por pacotes com tudo incluído.
O festival iniciaria neste fim de semana. Na quinta-feira (27) à noite as redes sociais começaram a se encher de mensagens e imagens que mostravam que o paraíso vendido estava longe da realidade.
A ilhota Fyre, a ilha privada onde aconteceria o evento, era, na verdade, um lote de terra não edificado que fica ao lado de um resort de luxo.
As acomodações com ar-condicionado eram formadas por tendas de acampamento, e a comida gourmet se limitou a sanduíches de queijo acompanhados de tomate e alface.
Os problemas foram relatados em dezenas de fotos de usuários das redes sociais.
Este foi o jantar "gourmet" que um dos participantes recebeu ao chegar no local
Este era o alojamento do festival, que prometia acomodações luxuosas
PRESOS
Na sexta-feira (28) de manhã a situação piorou: os voos domésticos foram cancelados, e aqueles que tinham ido ao aeroporto da ilha Great Exuma na tentativa de voltar para casa ficaram presos.
Esse é o caso de Maude Etkin, 23, que relatou sua experiência, ainda de biquíni e depois de ficar dez horas presa no aeroporto, à revista americana "The New Yorker".
Além das entradas e do voo, ela tinha pago US$ 500 para dividir com oito amigas um quarto com camas de casal e ar-condicionado
"Mas, na verdade, o que havia eram umas tendas brancas, nada mais. Era um lugar árido e estava desorganizado. O tecido das tendas tinha buracos, e não havia camas. Não havia como guardar pertences com segurança", disse a repórter Jia Tolentino.
Além dela, no lugar havia mais 200 pessoas, acrescentou.
Chloe Gordon, que foi contratada para trabalhar na produção do evento em março, disse que logo previu qual seria o futuro do festival.
Assim ela escreveu no site americano "NYMag.com":
"Quatro dias depois que ter chegado, eu já estava em um avião de volta para Nova York porque a coisa toda, como todos já sabiam, seria um completo desastre."
A aspirante à produtora disse que encontrou um terreno de cascalho, vazio, no qual não se tinha começado a construir nada e para o qual não havia um sistema de transporte.
"Quando entrei em contato com as empresas que geriam os shows das bandas contratadas, quase todos tinham a mesma pergunta: e onde está o nosso dinheiro? ", escreveu ela.
Uma das primeiras bandas de cancelar sua participação foi Blink 182.
O grupo anunciou a mudança de planos em sua conta no Twitter, com uma mensagem salientando que o festival não tinha a qualidade com a qual eles estavam acostumados.
Com tantos problemas, o evento foi adiado.
Os organizadores, que incluem o rapper Ja Rule e o empresário Billy McFarland, pediram desculpas em comunicado publicado em seu site. O texto diz que eles "apenas não estavam preparados" para o tamanho que o evento tomou.
"Devido a circunstâncias alheias, a infraestrutura não estava pronta a tempo de cumprir o que foi oferecido", escreveram.
Em nota, dizem que decidiram "adicionar mais experts" para fazer o festival no ano que vem, em uma praia dos EUA.
Além disso, afirmam que todos os que compraram ingressos serão reembolsados e ganharão um passe VIP para a edição de 2018.
As autoridades das Bahamas também pediram desculpas pelo "caos" do festival.
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