Juntos, Tribalistas são menos interessantes do que separados
Zo Guimaraes/Folhapress | ||
Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown posam para sessão de fotos no Copacabana Palace |
TRIBALISTAS (regular)
ARTISTAS Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte
LANÇAMENTO Phonomotor/ Universal
QUANTO R$ 30 (CD), R$ 40 (DVD)
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Repetindo o mesmo modelo que deu tão certo em seu disco de estreia ("Tribalistas", 2002), Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte se reuniram para lançar um punhado de canções em trio. Desta vez, no entanto, a união não fez a força.
Se a primeira aparição do supergrupo foi um acontecimento, potencializado por pérolas radiofônicas como "Já Sei Namorar", o novo CD parece versão diluída do anterior: menos criativo, menos inspirado, menos necessário; não por acaso, menor também no número de faixas.
A repetição pode ser vista como identidade –o som e as letras dos Tribalistas inegavelmente têm uma marca, um estilo autoral facilmente reconhecível. Pode ser também sinal de fadiga criativa.
Nesse sentido, chama a atenção o fato de o trio ter voltado mais gregário: o primeiro disco tinha dez composições só deles, o atual tem quatro –as outras seis incluem parceiros, como a portuguesa Carminho (que também canta, na infantil "Os Peixinhos") e Brás Antunes (filho de Arnaldo).
Curiosamente, as canções assinadas apenas pelos três são as mais interessantes. "Baião do Mundo" e "Feliz e Saudável" têm melodias pop e animadas (como seus títulos já indicam) e usam suas vozes com eficiência.
"Diáspora" é a melhor do disco, com letra que trata de imigrantes e refugiados usando referências bíblicas e históricas e citando poemas de Sousândrade e de Castro Alves. É, ainda, bem resolvida melodicamente, com destaque para as intervenções de Brown, que faz até beatbox.
Temas contemporâneos também aparecem em "Lutar e Vencer", que fala das ocupações de escolas por estudantes –movimento que foi apoiado por Marisa e Arnaldo–, e em "Um Só" (esta, com Brás Antunes), manifesto que se conecta à canção "Tribalistas", do CD anterior.
Nos tempos cínicos e belicosos que seguem, os Tribalistas parecem deslocados com seu espírito paz e amor –talvez justamente por isso sejam necessários.
Mas seu novo trabalho mostra um trio que não é apenas menor do que a soma de suas partes isoladas, mas do que já foi.
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