Um confronto entre traficantes e policiais deixa alunos e pais assustados em uma escola de uma comunidade no Rio de Janeiro. O resultado é uma bala perdida.
Essa é uma das cenas do primeiro episódio de "Cidade dos Homens", cuja sexta temporada, que estreia na terça (2), espelha a realidade atual dos cariocas que vivem constantemente sitiados pela profusão de disparos.
"A gente retrata o que temos passado na atualidade. Os roteiros vêm bem definidos e com assuntos que a gente tem vivido ou acompanhado pela televisão", afirma Darlan Cunha, 29.
Segundo o ator, que interpreta o personagem Laranjinha desde 2002, quando a atração foi criada pela Globo em parceria com a O2 Filmes, a denúncia visa "um pouco mais de segurança no futuro".
Douglas Silva, 28, que vive Acerola, amplifica a crítica do amigo; segundo ele, a violência retratada na ficção não ocorre só na capital fluminense, mas em todo o país.
"A violência está aí! Basta os governantes tomarem vergonha nessa cara e agirem da forma que têm que agir para cuidar da sociedade. Ela está mais doente justamente porque a violência está aumentando e não sabemos como nos defender", diz o ator.
MAIS EMOÇÃO
Como na temporada anterior, que foi retomada depois de um hiato de 12 anos, a minissérie usa o tempo presente como fio condutor para narrar uma nova história de Laranjinha e Acerola, com ajuda de alguns flashbacks.
A temporada anterior do seriado, exibida em janeiro de 2017, registrou 18 pontos de audiência, segundo dados do PNT (Painel Nacional de Televisão). Cada ponto equivale a 688,2 mil espectadores, com 38% de share.
Escritos por Marton Olympio, com supervisão de roteiro de George Moura e direção de Pedro Morelli, os quatros episódios abordam tramas paralelas, com histórias mais emotivas e com mais ação.
"'Cidade dos Homens' é necessária porque dá voz a dramas que estão à margem, mas que pertencem à maioria dos brasileiros", afirma Olympio.
Nessa nova leva de episódios, Laranjinha viverá o drama do retorno da ex-mulher, a Poderosa (Roberta Rodrigues), e o medo de ficar longe do filho, Davi (Luan Pessoa).
Desempregado e sem dinheiro, Acerola consegue um trabalho e logo descobre que o serviço envolve mercadorias roubadas.
"Desde o início, Acerola flerta com o tráfico, mas indiretamente porque ele não faz por querer. Sempre cai na roubada, mas é um cara de boa índole e nunca fará mal a ninguém", defende Silva.
O universo da favela se mantém, embora as gravações não tenham acontecido em uma cidade cenográfica.
Morelli explica que as cenas foram gravadas na comunidade Tavares Bastos, no Catete, para transmitir mais realidade. "Foi complexa a logística, porque as locações eram na favela ou próximas a ela. Queremos buscar a verdade." Segundo o diretor, foi preciso abrir mão de certos locais "devido à violência".
O diretor também comentou sobre as dificuldades de entrar em algumas locações, que porém eram suplantadas quando os moradores descobriam que se tratava da série.
"Sempre é uma situação delicada [gravar na favela], mas quando falávamos que era para 'Cidade dos Homens', os moradores abriam as portas. Quando você anda com Darlan e Douglas pelas ruas, eles são reconhecidos e as pessoas pedem para tirar fotos. Acredito que a série conseguiu fazer um retrato genuíno e sem julgamento de como é morar em uma comunidade no Rio", diz Morelli.
REENCONTRO
Outra novidade é o retorno de Roberta Rodrigues e de Thiago Martins (João Vitor), no ar como Julio em "Pega Pega".
Os dois atores participaram das primeiras temporadas da série, entre 2002 e 2005. Rodrigues conta que a série marca o início de sua carreira e sua paixão pela arte e que voltar ao programa após de ter tido um filho é um presente.
"É um encontro de família. Conheço Douglas desde quando ele tinha nove anos. Achei genial o retorno da série. Agora estou de volta. Cada cena que fiz foi com amor e com a responsabilidade de transformar. Só acredito na arte que transforma."
CIDADE DOS HOMENS
Estreia da sexta temporada
QUANDO na faixa das 23h10, Globo
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