Boas intenções se perdem em filme adolescente 'Bye Bye Jaqueline'

Crédito: Divulgação Bye bye Alemanha [Es war einmal in Deutschland, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, 2017], de Sam Garbarski (Mares Filmes). Genero: comedia. Elenco: Moritz Bleibtreu, Antje Traue, Tim Seyfi.
Cena do filme "Bye Bye Jaqueline", dirigido por Anderson Simão

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

BYE BYE JAQUELINE (regular) * *
DIREÇÃO Anderson Simão
ELENCO Poliana Oliveira, Victor Carlim e Gabrielle Pizzato Santana
PRODUÇÃO Brasil, 2017
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
ONDE Cinesystem Morumbi Town 6 (13h40 e 15h40) e Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 4 (17h30 e 19h30)

Diversidade regional é um dos aspectos mais salientes do cinema brasileiro recente, além de assuntos e modos de representar que buscam escapar da uniformidade condicionada pela televisão durante décadas.

Por isso, certa expectativa positiva acompanha o lançamento quase sem divulgação de "Bye Bye Jaqueline", ficção para adolescentes que evita a fórmula dos "bobofilmes" e das comédias toscas e oportunistas com que o cinema brasileiro tenta abocanhar o nicho jovem.

O longa-metragem é fruto do esforço de realizadores formados pela Faculdade de Artes do Paraná, como Anderson Simão, Wellington Sari e Christopher Faust, que já haviam demonstrado em um punhado de bons curtas capacidade de traduzir os afetos adolescentes com uma visão que equilibra banalidade e autenticidade.

Aqui, trata-se de seguir os percalços de Jaqueline, uma garota de 16 anos que vagueia entre o tédio do cotidiano escolar e a paixonite que ela sente pelo colega Fernando. Sua melhor amiga, Amanda, e Marchesi, garoto que está a fim dela, completam o conjunto de representações dos anseios por novas experiências que marcam a adolescência.

A mãe de Jaqueline e o professor da turma são as figuras adultas que servem de contraponto, mas o roteiro, assinado por Sari, não investe no desenvolvimento de linhas paralelas, concentrando-se quase o tempo todo na dinâmica do grupo.

Se a escolha revela a intenção de extrair o máximo possível de elementos que permitam atrair o público jovem, o desenvolvimento de personagens e os desdobramentos das situações evidenciam as fragilidades do projeto, complicado pela inexperiência do elenco.

Poliana Oliveira, que interpreta a protagonista, tem qualidades físicas para dar graça e frescor a Jaqueline, mas precisaria de uma direção mais aguçada para o volume de nuances que a certa altura sua personagem exige.

Victor Carlim também funciona na superfície como o clássico "bonitinho da escola", mas, quando a narrativa passa a depender das contradições de Fernando, o efeito é de representação amadora.

Enquanto esses limites davam sabor de autenticidade aos curtas-metragens desses realizadores, a passagem ao longa revela que ainda falta muito para a proposta adquirir consistência.

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