Thiago faz flexões de braço no camarim; pede café e vodca; ensaia um pas-de-deux; come 12 bananas numa manhã; leva um tapa na cara; grita de dor na fisioterapia.
Thiago Soares, 36, é o protagonista de "Primeiro Bailarino", documentário dirigido por Felipe Braga que estreia neste domingo (14) no Max.
A coprodução da HBO e da produtora Los Bragas faz retrato intimista do carioca que começou como dançarino de hip-hop, iniciou no balé clássico aos 15 anos e, aos 21, entrou para o Royal Ballet de Londres, no qual é bailarino principal há mais de dez anos.
A equipe de filmagem teve oportunidade de acompanhar o cotidiano da maior companhia de dança britânica e da Ópera de Londres.
"O pessoal do Los Bragas trouxe a ideia e era oportunidade fantástica ter acesso a uma instituição como a Royal e uma visão desse universo", diz Roberto Rios, vice-presidente de produções originais da HBO Latin America.
O diretor do filme conheceu o protagonista em uma das vindas dele ao Brasil, em 2015, e expôs a proposta.
"No começo, não queria fazer. Minha agenda estava uma loucura: além das estreias do Royal, estava preparando o espetáculo para apresentar no Brasil, em celebração dos 15 anos de minha carreira internacional", diz Soares.
Braga insistiu e o bailarino pediu para conversar com o diretor da companhia. Em uma semana a equipe recebeu autorização para filmar.
A produção seguiu ensaios de "Romeu e Julieta", em Londres, e de "Paixão", exibido no Rio, em São Paulo e no Recife, em 2015. O diretor fez duas maratonas de filmagens em Londres e uma no Brasil, para captar as etapas da montagem de uma obra de dança.
"A produção foi enxuta, orçada em R$ 600 mil. Trabalhamos com no máximo seis pessoas, muitas vezes só duas filmando", explica Braga. Essa foi, diz, uma exigência da direção do Royal para que as filmagens não atrapalhassem a rotina da companhia.
Isso se mostrou uma vantagem, segundo Soares: "Após um tempo, todos se acostumaram tanto com a equipe que eles ficaram invisíveis e puderam documentar como é meu cotidiano de verdade".
O resultado é o que os produtores chamam de "documentário observacional". O filme segue o dia a dia do bailarino, mas não há entrevistas com colegas ou especialistas nem imagens de arquivo.
"Não estava interessado em 90 minutos de pessoas dizendo como sou o máximo. Gosto de elogios, mas não queria um projeto egocêntrico", diz Soares. O resultado, diz, é uma visão honesta do que é ser a estrela do Royal hoje.
O peso da fama é mais forte quando se apresenta no Brasil. "É como um jogador de futebol em time estrangeiro: quando vem ao Brasil, a torcida quer gols. Só que o bailarino ganha menos."
Quanto menos? "Ganho o suficiente para viver de maneira saudável."
NA TV
PRIMEIRO BAILARINO
QUANDO domingo (14), às 21h, no Canal Max (12 anos)
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