Duo Gisbranco quebra base instrumental e investe em canções

Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco lançam 'Pássaros'

THALES DE MENEZES
São Paulo
Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco, do Gisbranco - Daryan Dornelles/Divulgação

Formado na metade da década passada pelas colegas de faculdade de música Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco, o duo de pianos Gisbranco chega ao terceiro álbum rompendo a mistura instrumental de erudito e jazz que norteava seu repertório.

"Pássaros" mergulha em canções. Pela primeira vez, as pianistas gravam disco com letras em todas as faixas. No caso, letras inéditas do cantor e compositor Chico César.

Se o virtuosismo no teclado já estava demonstrado há tempos, Claudia e Bianca, filha de Egberto Gismonti, exibem talento vocal. O formato de canção pode levar a dupla a um público mais abrangente, ultrapassando a comunidade de fãs de música instrumental. Mas elas não sabem muito como definir sua plateia. Atraem pessoas jovens, muitos estudantes de música, e também os mais velhos, que consideram seu trabalho sofisticado.

"Temos um público muito maior do que a gente poderia imaginar", diz Claudia à Folha. "Até porque, na verdade, a gente nunca imaginou nada. Tivemos a vontade de fazer, mas sem nenhuma meta, nenhuma intenção de agradar a um determinado público."

"Éramos muito novas, sem pretensão em relação ao mercado. A música erudita e o jazz estavam mais próximos da gente, estudávamos muito piano, mas sempre gostamos de canção brasileira", prossegue, listando favoritos como Mônica Salmaso, Lenine, Adriana Calcanhotto e Chico César.

Elas o encontraram pela primeira vez em 2009, ao ensaiar na casa dele para um show no Auditório Ibirapuera. "Fomos conhecendo, aos poucos, porém de forma intensa, como é a inspiração artística do Chico", conta Bianca. "Em um ano já devíamos ter conhecido todos os poemas que entraram no disco."

Chico César colocou voz em três das 15 faixas: "Vejouço", "Aqui no Rio" e "Turuna". Mas as pianistas compuseram todas as músicas. "É um trabalho do Gisbranco mesmo. O Chico acompanhou de longe", diz Claudia. "Ele participou como um ouvinte atento e cúmplice, sempre dando opiniões extremamente carinhosas", completa Bianca.

Apesar de trabalhos separados em apresentações e gravações, a dupla deve seguir junta por muito tempo. "Acho que o nosso encontro gerou uma cumplicidade. Uma aprendendo com a outra, uma propondo desafios novos para a outra, e as duas embarcando juntas nas descobertas e inspirações. No Gisbranco, estamos sempre de mãos dadas", resume Bianca.

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