Em boa fase, Woody Harrelson tenta prêmio no papel de antagonista

Ator vive xerife acusado de negligência em 'Três Anúncios para um Crime'

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Woody Harrelson e Sam Rockwell em cena de "Três Anúncios para um Crime"
Woody Harrelson e Sam Rockwell em cena de "Três Anúncios para um Crime" - Merrick Morton/Fox Searchlight via AP
Veneza

"Uma vez, jantei com Trump, mas tive que sair no meio para fumar um baseado: ele é insuportável!"

A frase resume bem o espírito ousado e meio "relax" de Woody Harrelson, 56. Ao falar à Folha no Festival de Veneza, em setembro passado, o ator de "Três Anúncios para um Crime" exibia bom humor e a voz mansa, mesmo quando o conteúdo era cáustico.

Entre uma e outra bicada em um chá (no tórrido verão italiano), soltava a língua: "É terrível quando seu presidente é um cara com quem você preferiria não jantar."

As tensões sociais dos EUA são um dos temas do longa, então o tom político predominou. "Um dos perigos dos EUA atuais é que você passa a achar que todos são racistas e idiotas. Minha sogra votou no Trump. É católica, conservadora. Um republicano não vota em democrata de modo algum. Muitos votaram nele por isso", diz.

"Acho inconcebível votar nesse cara. Mas, para muitos, era apostar na mudança. E tudo mudou... só que para uma porcaria bem pior. O governo Trump chega a ser obsceno", diz, serenamente, com o mesmo tom que talvez usasse para pedir uma colherinha para mexer seu chá escaldante.

O ator, que no filme vive o xerife acusado de negligência ao investigar a morte de uma moça, defende o personagem. "O pior é que ele é um bom homem. O crime é que não tem solução. Ele sente pena da mãe da jovem, mas o que pode fazer? Sem indícios, fica de mãos atadas."

É também generoso ao falar dos colegas. "O bom é que ali não há simplismo: são todos [papéis] complexos. Frances [McDormand] é gênia. E Sam  Rockwell tem sua melhor performance."

Galã nos anos 1990, Harrelson aos poucos ganhou prestígio, e prova disso é que mesmo com um papel miúdo em "Três Anúncios" beliscou sua terceira indicação ao Oscar, como ator coadjuvante.

Está em boa fase, emendando um filme no outro em 2017, fez seis longas (viveu a si próprio em "Lost in  London", que também dirigiu).

"Sou preguiçoso, amaria dormir sempre até as 13h. Ir de filme em filme não é da minha natureza, mas tem surgido muita coisa boa. Quem recusaria? Um imbecil!"

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