O inverno já chegou nas passarelas, mas, quando chegar às ruas da Europa, no final do ano, e no Brasil, na metade de 2019, trará com ele uma avalanche de referências à roupa monárquica.
Que rei ou rainha, o freguês decide: ou ele fará o tipo fantástico da série "Game of Thrones" (HBO) ou o clássico de "The Crown" (Netflix).
As referências são difusas, mas aparecem desde o final da semana de moda de Londres, quando, no último dia 20, a rainha Elizabeth 2ª resolveu desceu do trono e dar uma passada no desfile do estilista Richard Quinn.
Era apenas um prelúdio. Na passarela fantasiosa da Gucci, em Milão, um dos seus seres do outro mundo se agarrava a um dragão. Veio a Versace, com o que a marca chamou de "nova monarquia", cheias de princesas com estampas vinculadas ao Reino Unido, incluindo o xadrez príncipe de gales que vez ou outra pinta em "The Crown".
O "timing" parece perfeito. As coleções chegarão às lojas perto do fim da guerra dos tronos na HBO e da terceira temporada do produto da Netflix, que tem na rainha Elizabeth 2ª sua protagonista.
Margareth, sua irmã, inspirou a estreia do estilista Paul Andrew na direção criativa da grife Salvatore Ferragamo. O visual da princesa incompreendida, misto de alfaiataria rígida e glamour, embasou o estudo das capas e do "look" de caça esportiva, com botas e camisas combinadas a casacos acinturados e calças confortáveis.
A paleta de cores, ponto alto da boa estreia de Andrew, incluía o vermelho vivo das túnicas de veludo usadas na coroação e os tons de folhagens de paisagens invernais.
Menos literal, mas ainda assim majestosa, a coleção de Giorgio Armani é um compilado de imagens da nobreza, tanto a de viés cigano, com blusas e saias coloridas, quanto no conjunto de jaqueta e calça pretas que identificam a moda do estilista.
O peso do veludo em contraste com a delicadeza da seda criava perfis de rainhas modernas, sóbrias, que vez ou outra usam brilho à noite.
Corvos como os do armada Night's Watch de "Game Of Thrones" passearam na passarela da Dolce & Gabbana, no domingo (25), último dia da temporada milanesa.
A modelo angolana Maria Borges, trajada com um longo e grosso casaco negro de pelo, fazia contraponto à corte pop do desfile, inspirado na coroa da Igreja Católica.
No início da apresentação, cantos gregorianos ecoaram pelo templo montado pela grife, com direito a painel de anjos no fundo da passarela, dando depois lugar à outra rainha da noite, a cantora Rihanna, cujas músicas conduziam a trilha do desfile.
Vestidos rebuscados e capas trabalhadas com fios dourados adornaram o look dos "pecadores da moda", como se lia em diversas peças, que ora traziam coroas de rainha, ora releituras de mitras, o acessório de cabeça do alto clero, com pedras e brilho.
Na briga para ver quem vira caça ou caçador, as grifes italianas preparam o inverno mais fantástico da década, quase que de pura ficção.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.