Em meio a disputa por direitos autorais, Salvador inaugura Casa do Carnaval

Espaço sobre história da folia terá solenidade nesta segunda

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Sala da Casa do Carnaval, no centro histórico de Salvador
Sala da Casa do Carnaval, no centro histórico de Salvador - Valter Pontes/Divulgação
Salvador

Com vista para a baía de Todos os Santos, abre suas portas nesta segunda (5) a Casa do Carnaval da Bahia. No espaço, no centro histórico da cidade, os visitantes poderão rever músicas e coreografias como as de Carlinhos Brown e Ivete Sangalo, e relembrar Carnavais antigos. Caetano Veloso foi um dos artistas convidados para a inauguração, mas não deve ir.

Sua mulher e empresária, Paula Lavigne, diz que a ausência se deve à falta de pagamento de direitos autorais pela prefeitura e que músicas dele não serão executadas na Casa até que a dívida seja paga. "Se quiser, ele [o prefeito ACM Neto, do DEM] que abra seu museu sem músicas. Não só do Caetano, mas de muitos que também não vão liberar."

Danilo Caymmi diz que o pleito não pode ser confundido com mera burocracia. Não é uma questão de gestão anterior, mas de direitos dos compositores.

Cláudio Tinoco, secretário municipal de Cultura e Turismo, disse que não recebeu notificação de Lavigne ou do Procure Saber, coletivo de artistas gerido pela empresária, e que nenhum artista solicitou a exclusão das músicas.

A empresa Mesosfera, segundo a prefeitura, foi a responsável por obter as autorizações. Mas o Procure Saber e o empresário de Luiz Caldas, por exemplo, dizem que não foram procurados.

Diversos artistas se manifestaram em redes sociais sobre a falta de pagamento. "Salvador foi eleita a cidade da música pela Unesco e é a capital brasileira que mais promove festas e eventos. Porém a prefeitura é desrespeitosa com os autores, pois os direitos autorais não são pagos", diz mensagem compartilhada por Marisa Monte, Nando Reis, Djavan, Xande de Pilares, Martnália e Diogo Nogueira, entre outros.

Tinoco afirma que houve reunião com o Ecad para tratar dos licenciamentos a partir de agora, e que há divergências sobre como os cálculos eram feitos. As gestões passadas não honravam o pagamento. Havia cobranças sobre parâmetros não objetivos.

Na semana passada, ACM Neto afirmou em nota que não cabe à atual gestão decidir sobre a quitação. Tenho todo o respeito pela manifestação de todos os artistas. "É um litígio que aguarda deliberação do Poder Judiciário."

Gloria Braga, superintendente-executiva do Ecad, diz que não interessa vetar canções. Nosso papel é garantir que o artista seja respeitado.

MUSEU

O museu é uma divertida experiência sensorial sobre três séculos de Carnaval baiano, desde o tempo em que negros e brancos faziam festas segregadas. As elites desfilavam com máscaras na Cidade Alta, enquanto os escravos e negros libertos faziam batucadas na Cidade Baixa.

Um museu do Carnaval em que as pessoas não participam não funciona. A gente proporciona a experiência de brincar com o uso da tecnologia, diz o curador do espaço, o cenógrafo Gringo Cardia.

O museu tem biblioteca, centro de pesquisas e terraço para shows, além de mostras de fantasias de blocos afro e figurinos de estrelas do axé.

Assinam o projeto o produtor Jonga Cunha, a editora Bete Capinan e o pesquisador Paulo Miguez, da Universidade Federal da Bahia.

A abertura ao público será na terça (6), mas os visitantes terão de fazer agendamento até o fim de fevereiro. Nessa fase inicial, o local passará por ajustes e os visitantes não pagarão entrada. Nos dias de Carnaval, estará fechado.​

O jornalista viajou a convite da Prefeitura de Salvador.


CASA DO CARNAVAL
QUANDO
 de terça a domingo, das 11h às 19h; fechado no Carnaval
ONDE antiga Casa do Frontispício, praça da Sé, centro histórico de Salvador, tel. (71) 3324-6730 e (71) 3324-6791
QUANTO R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)

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