Semana de Moda de Milão define futuro de marcas

Pedro Diniz
São Paulo
Desfile da Prada em Milão, em janeiro - AP

Estava tudo na mesma no reino barroco de calça justa e vestido decotado. Daí veio Alessandro Michele com seu vintage para explodir as vendas da Gucci, Donatella Versace quase contratar Riccardo Tisci para sucedê-la, a Prada deixar de vender tanto e a Salvatore Ferragamo escorregar feio na última coleção e trocar tudo de novo.

A moda italiana, que ganhou injeção de beleza e novidade em 2015, começará nesta temporada de outono-inverno 2018/2019 a definir o futuro de algumas de suas marcas mais importantes.

No império do couro, além da estreia de Paul Andrew na grife Salvatore Ferragamo, após uma desastrada coleção de verão 2018 fazer o estilista Fulvio Rigoni perder o emprego, a Tod's tem a missão de consolidar Andrea Incontri na direção de seu prêt-à-porter.

Do lado da arara, a Emilio Pucci deverá mostrar o que pretende fazer após a saída de Massimo Giorgetti, que transformou, sem grande repercussão comercial, a aura sexy da marca florentina em uma moda de galerista intelectual.

A última coleção teve a consultoria do belga Josephus Thimister, ex-estilista da Balenciaga. Até agora, a marca não tem direção definida.

Tantas mudanças em curso afetam diretamente o tipo de moda que a Itália passará a oferecer a partir de agora. Copiar códigos de outras praças, como o "streetwear" que em nada dialoga com o legado italiano, e adotar o viés "artsy" que tomou as francesas por um tempo, foi tiro no pé para quem tentou.

Há também um fator mercadológico nessa equação. A desaceleração do consumo na China, alavanca de dois dígitos no faturamento das grifes, acendeu alerta vermelho nos empresários. Em momentos de queda, geralmente, quem paga o pato é o estilista e não haveria como ser diferente no conto de fadas italiano.

A sempre alardeada aposentadoria de Giorgio Armani e a oficial de Roberto Cavalli só adicionam molho na macarronada. Errar o ponto, a partir de agora, significará por tudo a perder.

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