Descrição de chapéu series novela

Série coloca família multirracial em foco

Criada por Alan Ball, de 'A Sete Palmos', obra retrata casal com filhos adotivos  

Raymond Lee, como Duc, e Holly Hunter, como Audrey, em cena de "Here and Now"
Raymond Lee, como Duc, e Holly Hunter, como Audrey, em cena de "Here and Now" - Divulgação
GUSTAVO FIORATTI
São Paulo

Tudo o que se esperava do roteirista americano Alan Ball era que ele, como na série "A Sete Palmos" (2001-2005) e no filme "Beleza Americana" (2000), voltasse a colocar uma família no centro de uma história farta de personalidades fortes e crises psicológicas. Esse dia chegou.

Autor também de "True Blood" (2008-2014), série que se desenvolveu a partir de conflitos e romances entre vampiros e humanos em uma pequena cidade da Louisiana, Ball agora chega às telas com "Here and Now", que estreia neste domingo (11) na HBO, o mesmo canal que exibiu as duas séries anteriores.

Em "A Sete Palmos", uma camada de excentricidade emergia da morbidez por trás dos entraves entre os membros de uma família que tocava uma pequena agência funerária. Agora, essa qualidade ganha um tom político.

A família Bishop, em "Here and Now", se forma com um casal (Tim Robbins e Holly Hunter) que, além de ter uma filha biológica, adotou três crianças: na Colômbia, na Libéria e no Vietnã.

O primeiro episódio é todo estilhaçado em cenas rápidas, que contemplam todos os personagens e ainda dão espaço a amigos e colegas de trabalho. Apresenta-se, no núcleo, o casal, aparentemente no princípio de uma crise.

Hunter interpreta uma matriarca centralizadora, ainda que nada careta. Ela conta aos filhos suas experiências com drogas lisérgicas e não há nenhuma espécie de crise quando um de seus meninos (Daniel Zovatto) chega em casa com um novo namorado.

Bem diferente de "A Sete Palmos", que teve episódios e mais episódios dedicados ao drama de um personagem adulto saindo do armário. Bom lembrar que a adoção já fora tema na obra anterior, quando esse mesmo personagem, já casado com um homem, decide virar pai.

A crise do casal Bishop se evidencia no papel de Robbins, um filósofo sufocado pelas intempéries e os arroubos de autoritarismo da mulher. Não faltará a cena de drama no chuveiro, olhos fechados sob a água que cai, enquanto ela dá ordens.

Fantástico

Embora os diálogos abasteçam a trama de questões psicológicas, há também elementos que sugerem que Ball importará de "True Blood" sua experiência com o fantástico. Nesse início de novelão, um dos filhos passa a ter estranhas visões relacionadas ao número 11.

Os problemas dos outros três filhos também estão no cardápio de nós a serem desatados, mas ainda não são apontados como centrais.

Uma das filhas (a biológica, Sosie Bacon) quer perder a virgindade e não sai da internet. Outra (Jerrika Hinton) tira "folgas", como ela mesma chama, do dia a dia com o marido e a filha, para curtir uma vida menos regrada, incluindo drogas e sexo. Raymond Lee, por fim, interpreta um ambicioso autor de um livro de autoajuda.

Os conselhos psicológicos e sentimentais proliferam no primeiro episódio, às vezes resvalando em clichês do tipo "o que é passado já passou, o que vale é o que vivemos aqui e agora", óbvia menção ao próprio título.

HORÁRIOS

Quem quiser acompanhar na TV paga deve ficar atento: a exibição da série será simultânea no Brasil e nos Estados Unidos. Isso significa que, com o fim do horário de verão, a partir do dia 18 de fevereiro, os episódios inéditos serão exibidos às 23h (antes disso, à meia-noite).

Em março, haverá uma nova mudança: a partir do dia 11, a série vai ao ar às 22h.

NA TV
Here and Now
Quando neste domingo (11), à meia-noite; a partir de 18/2, às 23h e, de 11/3 em diante, às 22h; disponível também na HBO GO

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