Trilha da série 'The End of the F***ing World' é cultuada na internet

Seleção de Graham Coxon, da banda Blur, contempla 32 faixas 'obscuras' e trilhas incidentais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Sucesso na Netflix e lançada no Brasil no mês passado, a série britânica "The End of the F***ing World" reúne em seus oito episódios uma inusitada história de humor negro baseada na boa graphic novel homônima de Charles S. Forsman, um casal de atores adolescentes cativantes (Alex Lawther e Jessica Barden) e uma trilha sonora simplesmente irresistível.

São músicas tão boas que os fãs não ficaram esperando a Netflix mostrar qualquer iniciativa de juntar as canções num álbum. Playlists informais pipocam na rede.

A personagem Alyssa e o personagem James, da série The End of the F***ing World, encaram a câmera
Cena de 'The End of the F***ing World' (Divulgação/Netflix) - Divulgação

E é muito trabalhoso pinçar tudo que a trilha sonora oferece. São 32 faixas compiladas, fora as músicas incidentais compostas para a série por Graham Coxon, guitarrista da banda Blur.

Coxon ajudou os produtores a reunir canções que tivessem alguma relação com a temática da série: a fuga do improvável casal teen envolvido num crime, com os garotos passando por agruras em estradas e cidadezinhas no interior da Inglaterra.

Esse clima estradeiro inspirou-lhe uma coletânea de música americana de décadas passadas, notadamente rockabilly e country dos anos 1950 e 1960, com raras exceções de modernidade.

De coisa realmente recente, a lista de músicas tem algum indie pop, como "We Might Be Dead by Tomorrow", da francesinha "Soko, T.B. JerK +++", encontro francês do multi-instrumentista Pascal Comelade e o duo psycho pop Les Liminanas, apadrinhado pelo guitarrista Jack White, e "Kmag Yoyo", country meio moderninho do americano Hayes Carll.

Country de verdade vem de uma lenda do gênero, Hank Williams (1923-1953), com seu single de 1951 "Settin the Woods on Fire". Outro nome lendário entre caipiras americanos, Brenda Lee, 73, tem na trilha seu maior sucesso, "I'm Sorry", de 1960.

Cantoras ocupam boa parte do elenco musical, principalmente as pioneiras do rockabilly do fim dos anos 1950.

O time das garotas na trilha tem Wanda Jackson, Fern Jones, Bernadette Carroll (a ex-integrante do grupo The Angels canta dois hits, "Laughing on the Outside" e "Care a Little"), Janis Ian e Julie London (1926-2000), atriz e cantora americana que seduziu várias gerações.

diva branca

O maior resgate feminino na equipe é a americana Timi Yuro (1940-2004), uma das primeiras divas brancas do soul, que abriu caminho para, entre outras, as inglesas Dusty Springfield (1939-1999) e Amy Winehouse (1983-2011). A série utiliza dois singles de Timi Yuro de 1961, "Smile" e "I Apologize".

Uma fatia é dada a grupos vocais do início dos anos 1960: The Bonnevilles, The Monzas, Larry Chance & The Earls, The Vocaleers, The Ovations e The Belles.

Mais recentes, dos anos 1990, as bandas indie Mazzy Star e Tullycraft. Como representante solitária do punk dos anos 1970, Buzzcocks.

Maior nome mainstream? Fleetwood Mac, que aparece com "Oh Daddy", do álbum "Rumours" (1977), que vendeu 40 milhões de cópias.

Mas a canção mais relevante é mesmo "Keep on Running" (1965), do Spencer Davis Group, banda inglesa que revelou Stevie Winwood, cantor, tecladista e depois fundador do importante Traffic.

Quando os garotos James e Alyssa roubam um carro e caem na estrada, essa música que fala de fuga desesperada está travada dentro do CD player. Assim, eles passam horas e horas escutando a canção, indo do entusiasmo inicial pela música ao tédio total. Uma sacada genial de uma série cheia delas.

A TRILHA DE CADA EPISÓDIO

Episódio 1

1. "Laughing on the Outside", Bernadette Carroll (1973)

2. "Where Is the Love", The Monzas (1964)

3. "Never", Larry Chance & The Earls (1963)

4. "Have You Ever Loved Someone", The Vocaleers (1959)

5. "Funnell of Love", Wanda Jackson (1961)

(Hoje com 80 anos, Wanda Jackson tocava guitarra e cantava e foi pioneira do rockabilly nos anos 1950. A partir da década seguinte, mudou seu foco para a música country. A canção na série é obscura, lado B do single Right or Wrong)

6. "At Seventeen", Janis Ian (1975)

7. "Superboy & Supergirl", Tullycraft (1996)

Episódio 2

8. "Walking All Day", Graham Coxon (2018)

9. "We Might Be Dead by Tomorrow", Soko (2014)

Episódio 3

10. "Settin' the Woods on Fire" , Hank Williams (1951)

11. "The Day We Fell in Love", The Ovations (1961)

12. "Five String Serenade", Mazzy Star (1993)

(Banda americana da farta onda independente que veio depois do grunge, o Mazzy Star teve algum sucesso no Brasil. A voz de garotinha afinada de Hope Sandoval, marca registrada da banda, ficou conhecida ao gravar Sometimes Always com o grupo Jesus and Mary Chain)

13. "I'm Sorry", Brenda Lee (1960)

Episódio 4

14. "T.B. JerK +++", Pascal Comelade & Les Liminanas (2015)

15. "Zu Zu", The Bonnevilles (1959)

16. "Smile", Timi Yuro (1961)

17. "Care a Little", Bernadette Carrie (1971)

18. "You Must Be an Angel", Richard Myhill (1970)

19. "Lonesome Town", Ricky Nelson (1958)

Episódio 5

20. "Voilà", Françoise Hardy (1966)

(Em 1961, aos 17 anos, Françoise Hardy era modelo e estudante de ciências políticas na Sorbonne. Assinou um contrato com gravadora e se tornou musa da canção francesa pelos 20 anos seguintes. Seu maior hit: La Question)

21. "Why Can't I Touch It", Buzzcocks (1979)

22. "I Apologize", Timi Yuro (1961)

Episódio 6

23. "Come Back", The Belles (1966)

24. "Keep On Running", Spencer Davis Group (1966)

(No furacão das bandas de rock inglesas que invadiu os EUA nos anos 1960, o grupo do guitarrista Spencer Davis foi subestimado. Nas décadas seguintes, novas gerações de fãs resgataram a real importância da banda)

25. "Sweet Thang",Shuggie Otis (1971)

26. "Kmag Yoyo", Hayes Carll (2011)

Episódio 7

27. "A Way with Words", Carl Smith (1971)

28. "That's How I Got to Memphis", Bobby Bare (1970)

29. "Hillbilly Child", Alan Moorhouse (1971)

30. "Oh Daddy", Fleetwood Mac (1977)

(Surgido na Inglaterra em 1967 como um grupo estritamente de blues, o Fleetwood Mac foi para a Califórnia nos anos 1970 e passou a fazer pop de sucesso mundial. A grande mudança foi a entrada dos vocalistas Lindsey Buckingham, Stevie Nicks e Christine McVie, esta a autora de Oh Daddy)

31. "Strange Things Happening Every Day", Fern Jones (1959)

Episódio 8

32. "The End of the World", Julie London (1963)

"Walking All Day", Graham Coxon (2018)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.