O Google lança nesta quarta (7) uma coleção de arte contemporânea totalmente digitalizada, disponível para internautas de todo o mundo, e que reúne obras de 51 museus de 25 países.
A página está disponível no Google Arts and Culture, plataforma de arte e cultura criada em 2011. Nela, é possível ter acesso a cerca de 6 milhões de fotos e vídeos de quadros, esculturas, instalações e documentos históricos de forma gratuita.
É a primeira vez que o Google lança uma página dedicada exclusivamente à arte contemporânea dentro do serviço. O objetivo, segundo Alessandro Germano, diretor de parcerias estratégicas da empresa, é tornar esse tipo de arte mais acessível.
"Nós estamos sempre abertos a todas as formas artísticas", diz. "O Google disponibiliza a plataforma, e os centros culturais, a curadoria."
Câmeras e outros equipamentos necessários para a digitalização dos acervos são oferecidos pela gigante de tecnologia, embora os museus tenham autonomia para decidir o conteúdo que querem disponibilizar no Arts and Culture.
Na coleção de arte contemporânea, os internautas têm à disposição recursos como imagens, vídeos, vídeos em 360°, artigos e experiências em realidade virtual e no Street View —função em que se "caminha" pelos corredores dos museus.
Muitas das obras foram captadas por meio da Art Camera, uma câmera fotográfica desenvolvida pelo Google que é capaz de registrar até os mínimos detalhes de uma tela —de pinceladas a rachaduras.
Mas Germano deixa claro que a experiência não substitui a visita aos acervos: a plataforma serve, na verdade, como um atrativo.
"O grande benefício é o de chamar pessoas para os museus", define Germano.
Ele cita a possibilidade de observar as obras com mais calma e de forma mais aprofundada como alguns dos benefícios do Arts and Culture.
ACESSIBILIDADE
A educação, porém, é o objetivo central da ferramenta.
De acordo com Germano, a ideia por trás da plataforma é justamente descentralizar o acesso à cultura, permitindo que as pessoas conheçam obras e documentos históricos de diversas partes do mundo mesmo estando a quilômetros de distância dos grandes centros culturais.
"A arte está tão em evidência hoje em dia e, ao mesmo tempo é tão combatida e centralizada, que essa plataforma acaba se mostrando útil".
Ele diz ainda acreditar que a nova coleção serve como instrumento de desmistificação para a arte.
"As pessoas têm aquela ideia errada de 'isso [ir a museus de arte contemporânea] não é para mim'", explica.
Conhecer as coleções pela internet, segundo ele, incentiva as pessoas a visitá-las, pois mostra que o ambiente dos museus não é hostil.
BRASIL
Dos 51 parceiros que disponibilizaram seus acervos na coleção de arte contemporânea, 15 são brasileiros.
O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e o de Museu Arte Moderna de São Paulo estão entre eles, bem como as quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil.
Entre as mostras disponibilizadas pelo CCBB São Paulo está a instalação "Nemo Observatorium", do belga Lawrence Malstaf, que esteve em cartaz na edição de 2017 do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.
Um vídeo em 360º dá ao internauta a chance de se sentir dentro da obra, reproduzindo a experiência de quem viu a instalação ao vivo.
Na obra de Malstaf, partículas de isopor flutuavam em volta do visitante, que ficava sentado no centro de um grande cilindro de vidro.
O grande destaque da nova coleção, porém, é o Instituto Tomie Ohtake, que selecionou 50 quadros da artista plástica para serem digitalizados pela primeira vez.
Como o centro cultural não tem acervo fixo, as obras vieram de coleções privadas e da própria família da artista. Algumas delas nunca foram exibidas ao público.
"São obras que as pessoas não poderão ver de outra forma. A ideia é que se tenha acesso a elas através dessa plataforma do Google", diz Ivan Lourenço, diretor de negócios do instituto.
Duas exposições temporárias do Tomie Ohtake também foram digitalizadas e ganharam sobrevida: "Os Muitos e Um" e "Osso". Elas podem ser vistas no link artsandculture.google.com/project/contemporary-art.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.