Atração do Lollapalooza, Spoon apresenta álbum com faixa anti-Trump 

Banda texana toca na tarde desta sexta-feira (23), abertura da sétima edição brasileira do festival

Amanda Nogueira
São Paulo

Quando ouviu a trilha sonora de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, o cantor e guitarrista Britt Daniel, então em sua primeira infância, sentiu algo parecido com medo.

"É um álbum assustador, o fato de que ele podia ter um grande impacto sobre minhas emoções era o que me atraía”, afirma sobre sua primeira lembrança musical. “Era como mágica, queria entender o que aquilo significava.”

Com Spoon, a banda que fundou nos anos 1990, Daniel retorna ao Brasil como atração do Lollapalooza, no qual toca na tarde desta sexta (23).

A banda texana apresenta “Hot Thoughts”, o álbum mais recente e o nono da carreira, composto em meio a outro cenário aterrorizante para Daniel, diferente daquele de suas memórias afetivas: a disputa política e a ascensão de Donald Trump nos EUA.

"É terrível e um pouco aterrorizante, porque ele [Trump] fica empurrando as barreiras e as fundações da democracia e elas ficam se curvando, quebrando”, diz Daniel sobre o presidente americano. “É um cara que só está interessado em sua autopreservação, é a coisa mais assustadora.”

O discurso reaparece na canção “Tear it Down”, cuja letra remete à promessa de Trump de construir um muro na fronteira dos EUA com o México (“deixe-os construir um muro ao nosso redor/ eu não me importo, vou derrubá-lo/ são apenas tijolos e más intenções”).

No palco, a banda também costuma tocar faixas de álbuns como “Ga Ga Ga Ga Ga”  e “They Want My Soul”.

Quase nada do repertório acena para os primeiros três álbuns do grupo, nos quais Daniel diz não enxergar muito de si. São os mais recentes os responsáveis pela maior popularidade da banda e colocação nas paradas musicais.

Para o cantor, o rock não ocupa mais o mesmo lugar de antigamente. “Isso não é necessariamente uma coisa ruim, já vi padrões”, diz o músico, citando a popularidade de Nirvana nos anos 1990, a ascensão da música eletrônica e a queda do rock.

"As coisas são cíclicas, nada é mais importante do que fazer uma ótima música ou um álbum.” 

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