Descrição de chapéu

'Château - Paris' revela cotidiano de bairro multicultural da capital francesa

Despretensiosa e sem grandes tensões, comédia se ramifica em várias histórias paralelas

Alexandre Agabiti Fernandez
São Paulo

CHÂTEAU-PARIS (La vie de château)

  • Elenco Jacky Ido, Tatiana Rojo, Jean-Baptiste Anoumon, Felicite Wouassi, Zirek Ahmet
  • Produção França, 2016, 14 anos
  • Direção Modi Barry e Cédric Ido

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O cinema francês contemporâneo costuma se interessar sobretudo pela vida das classes médias e altas e pela turbulenta realidade da periferia das grandes cidades. Ao abordar o cotidiano dos salões de beleza africanos do décimo distrito de Paris, o primeiro longa-metragem de Modi Barry e Cédric Ido,  'Château - Paris',  lança um olhar bem-humorado e cheio de simpatia sobre esse bairro multicultural que também tem indianos, chineses, italianos. Longe dos clichês sobre a capital francesa.

Grupos de imigrantes africanos, formados exclusivamente por homens muitas vezes em situação irregular, abordam a clientela feminina que sai da estação de metrô Château d’Eau —daí o título do filme— oferecendo os serviços dos salões. A batalha pelas clientes é acirrada, prato cheio para intrigas, discussões, ciúmes e alvoroços.

Jacky Ido (Charles) em cena da comédia 'Château - Paris'
Jacky Ido (Charles) em cena da comédia 'Château - Paris' - Divulgação

O chefe de um dos grupos é o carismático Charles (Jacky Ido), que procura cativar as potenciais clientes com uma conversa gentil e pausada. Seus rivais não primam pela sutileza: posam de espertalhões e preferem tagarelar ruidosamente, soltando galanteios de vez em quando.

Charles se destaca também pela indumentária, pois está sempre muito bem vestido —gosta de se apresentar dizendo “Charles, como o príncipe”—, enquanto os outros andam de bermudas ou agasalhos esportivos.

Essa pitoresca galeria de tipos bem caracterizados em que cada um tem um sonho se completa com as cabeleireiras, os donos e donas dos estabelecimentos, a charmosa Sonia (Tatiana Rojo) —que quer introduzir novos produtos nos salões—, e o barbeiro curdo Mawad (Zirek Ahmet) —que faz poemas para suportar o exílio—, cuja barbearia Charles gostaria de comprar.

Despretensiosa e sem grandes tensões, a trama se ramifica em várias histórias paralelas que o roteiro não se preocupa em amarrar ou desenvolver. Essa limitação não dá profundidade ao relato, mas ajuda a instalar um tom de crônica que se revela decisivo para captar de modo convincente a singularidade desse microcosmo. 

A autenticidade dos personagens —vividos por atores profissionais e por gente do bairro— e o fato de a filmagem ter sido feita no meio da multidão que circula diariamente pelo bairro, sem fechar as ruas, também contribuem para o resultado.

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