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Com sons de rap e eletrônica, Rubel lança segundo disco

'Casas' foi contemplado por edital da Natura Musical e está disponível nas plataformas digitais

Victoria Azevedo
São Paulo
Rubel
O cantor Rubel, que se dedicou por dois anos ao novo trabalho - Guido Argel/Divulgação

"Foi quase uma tese de monografia. Queria criar uma sonoridade que eu ainda não tinha ouvido", explica o cantor e compositor carioca Rubel, 26, sobre seu segundo disco da carreira, "Casas", lançado nas plataformas digitais na última sexta (2).

Contemplado pelo edital Natura Musical na categoria voto popular para projetos realizados em 2017, o novo trabalho surge cinco anos depois de "Pearl".

Diferentemente do seu álbum de estreia, que foi fruto de acasos e acidentes e gravado durante um intercâmbio em Austin, nos EUA, "Casas" foi meticulosamente pensado e estudado pelo músico durante dois anos.

"Tinha medo desse mito de que eu fiz um disco por acidente que deu certo. E já que acidentes não se repetem, eu resolvi trabalhar muito."

Influenciado por nomes como Chico Buarque, Gilberto Gil, Kanye West e Frank Ocean, o cantor imprime nas 14 faixas do CD sons de MPB, rap, R&B e batidas da eletrônica. "Ele surgiu da vontade de fazer música brasileira e de pensar qual seria a minha contribuição para essa música que eu tanto amo", diz.

Inclusive, dois grandes representantes do rap nacional marcam presença no trabalho. Emicida, na faixa "Mantra", e Rincon Sapiência, em "Chiste", um dos pontos altos do trabalho.

Nesta última, há uma provocação ao presidente Michel Temer nos versos "quem diz que o homem não chora/ com certeza não colabora/ as lágrimas são como Temer/ necessário colocar pra fora."

"Não diria que é necessário se posicionar politicamente, acho que é inevitável", comenta o músico sobre um dos raros acessos à política em suas composições.

Apenas uma das canções não é da autoria de Rubel. É um disco "totalmente autobiográfico", segundo ele, que rejeita a alcunha de trovador ou cronista. "Sou um cara que gosta de escrever coisas".

Entre uma canção e outra aparecem vinhetas que auxiliam a transição das faixas e reforçam a narrativa do trabalho. É o caso da "Introdução", que resgata os últimos cinco segundos da última canção de "Pearl", "Quadro Verde", agora em uma versão com cordas.

"Estamos continuando, não é um rompimento. Vamos dar a mão para o disco e avançar. É tipo aquelas séries que trazem um resumo dos episódios anteriores."

O "avançar" a que Rubel se refere também aparece marcado no título do álbum. É a busca por sua nova casa (ou casas), depois de voltar de Austin. E aqui, o substantivo se aplica também no sentido figurativo, na busca de novas experiências e vivências.

"Cada casa tem o seu valor. E viver no modo comparativo é uma doideira, porque cada experiência é singular", explica.

Além disso, há o apelo estético no encarte do trabalho. O projeto gráfico assinado por Pedro Zylbersztajn reúne imagens de casas de edições dos anos de 1958 a 1960 da Revista Acrópole (acervo da Biblioteca da FAU-USP).

"A [casa] da capa é perfeita. Ela tem elementos que caracterizam o disco. Essa coisa moderna, fria, impessoal, contemporânea e urbana. E a vegetação lembra o calor do Brasil."

Independente

Outra novidade na carreira do músico é a criação de seu selo e produtora Dorileo, que tem como norte o Laboratório Fantasma, de Emicida.

"O mercado da música está se reinventando, novas possibilidades estão surgindo e ninguém sabe como vai ser. Por isso, faz mais sentido pra mim estar independente e criar o meu negócio, fazendo as coisas do meu jeito."

A nova empreitada também vai produzir os clipes do artista e, quem sabe mais pra frente, conseguir expandir para o cinema —área na qual Rubel também já atuou.


"CASAS", DE RUBEL

GRAVADORA Dorileo/Natura Musical

QUANTO R$ 30; gratuito nas plataformas digitais

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