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Documentário é introdução à biografia do compositor Claudio Santoro

Alternância de peças musicais e entrevistas tem função didática em 'Santoro - O Homem e sua Música'

Naief Haddad
São Paulo

santoro - o homem e sua música

  • Produção Brasil, 2015, livre
  • Direção John Howard Szerman

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“Dos compositores brasileiros do século 20, ele [Claudio Santoro] talvez tenha sido o que mais experimentou, o que mais teve inquietações em relação às grandes transformações desse período”, diz o maestro Júlio Medaglia em depoimento a “Santoro - O Homem e sua Música”.


Dirigido pelo inglês radicado no Brasil John Howard Szerman, o documentário é uma introdução à biografia de um dos expoentes da história recente da música erudita no país.

O compositor Claudio Santoro
O compositor Claudio Santoro em cena do documentário - Divulgação


Uma das virtudes de Santoro, como afirmou Medaglia, era a capacidade de transitar entre estilos de composição sem jamais perder o rigor e a inventividade. 


Nesse sentido, o documentário cumpre bem seu papel. Mostra as incursões do compositor nascido em Manaus pelo dodecafonismo, pela tradição nacionalista, pela música eletrônica e pelas canções populares em parceria com Vinícius de Moraes, entre outras vertentes. 


Esse panorama tão eclético é percorrido por meio de trechos de interpretações vigorosas de orquestras como a Amazonas Filarmônica e a Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, fundada por ele em Brasília em 1979. 


Grupos de câmara, solistas e uma cantora também pontuam a narrativa.


Em meio às peças musicais, há depoimentos de familiares e amigos, como o compositor Edino Krieger e o maestro Lutero Rodrigues. 


Essa alternância de peças musicais e entrevistas tem sua função didática, que não deve ser desprezada no caso de um compositor menos reconhecido do que merecia. 


No entanto, é inevitável que esse formato já desgastado resulte um pouco cansativo na segunda metade do documentário. 


Nas raras vezes em que a linguagem escapa desse eixo, o filme cresce, como nos grafismos que se movimentam ao som da música.


“Santoro - O Homem e sua Música” tem seu valor pela clareza da narrativa e pela qualidade musical, mas não é um filme notável. 


Falta-lhe a coragem para o risco, para o atrevimento, justamente o que Claudio Santoro tinha de sobra.  

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