Em estreia no Brasil, Gorillaz mostra polifonia derivada de coletivo

Banda virtual fez show repleto de hits e finalizou com a promessa de voltar em breve

 
 
Amanda Nogueira
São Paulo

Em sua estreia no Brasil, na noite desta sexta (30), a banda virtual Gorillaz mostrou sua identidade: um ecletismo musical ancorado no hip-hop e costurado coletivamente.

A apresentação no Jockey Club, em São Paulo, marcava o fim da perna sul-americana da turnê de “Humanz”, o quinto e mais recente álbum da discografia, lançado em 2017.

Sob uma chuva fraca, mas persistente, que deixou a pista com poças e focos de lama, a sequência inicial recuperou os primeiros discos da carreira do Gorillaz.

O show abriu com o potente krautrock de “M1 A1”, do álbum de estreia da banda, homônimo, de 2001, seguiu com “Last Living Souls”, do segundo disco da carreira da banda, “Demon Days”, de 2005, e “Rhinestone Eyes”, single de “Plastic Beach”, de 2010.

Os quatro personagens fictícios pelos quais a banda é conhecida ganhavam destaque no telão, enquanto o palco recebia mais de uma dezena de músicos reais, comandados por Damon Albarn, cofundador do grupo e único integrante permanente nos shows.

O cantor e multi-instrumentista britânico fazia as vezes de um mestre de cerimônias, intercalando suas performances com momentos de destaque de seus convidados --entre eles um coral com seis cantores e duas baterias.

Em sua única aparição, a rapper britânica Little Simz cantou a rápida "Garage Palace", que ao vivo vira uma espécie de pancadão eletrônico, levantando o público.

Dois terços do trio americano de hip-hop De La Soul participaram de “Superfast Jellyfish” e de “Feel Good Inc”, um dos grandes sucessos da banda.

O hit sucedeu um breve momento de manifestações de artistas e público. "Não queremos ir embora, porque amamos muito aqui. No meu país, a política está uma merda, em todo o hemisfério norte; por isso amo a atmosfera no sul", disse Albarn minutos antes.

"Foda-se Donald Trump. Podemos falar isso aqui? Donald Trump é um filho da mãe", completou o rapper americano Dave Jude Jolicoeur, do De La Soul, desencadeando gritos de ordem pedindo “fora, Temer”.

Além de cantar graves e falsetes, Albarn se revezava entre guitarra, violão, teclado e suas variações --uma escaleta (uma espécie de gaita com um teclado acoplado) e um keytar (instrumento que é mescla de guitarra, teclado e sintetizador).

Em cerca de 1h40 de show, a banda tocou 25 faixas. Apenas cinco delas eram do novo álbum, como “Charger”, com a cantora britânica Pauline Black emulando Michael Jackson, e “Strobelite”, com os vocais estendidos do cantor de R&B Peven Everett, um dos destaques da noite.

Com o produtor americano Jamie Principle, Gorillaz apresentou sua nova criação, “Hollywood”, faixa que havia estreado em um recente show no Chile.

O público ainda faria coro para outro hit, “Clint Eastwood”, já no bis, sob a promessa de Albarn de que o Gorillaz vai voltar em breve.

Repertório
M1 A1
Last Living Souls
Rhinestone Eyes
Tomorrow Comes Today
Every Planet We Reach Is Dead
Saturnz Barz
“19-2000”
Superfast Jellyfish
On Melancholy Hill
El Mañana
Charger
Ascension
Strobelite
Andromeda
“Hollywood”
“Garage Palace
“Punk”
Stylo
Dirty Harry”
Feel Good Inc.”

Bis
“Hong Kong”
Kids With Guns”
“Clint Eastwood”
Don't Get Lost in Heaven
Demon Days

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.