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Festival de música chega à polêmica final em Portugal

Um dos favoritos no concurso que classifica ao Eurovision abandonou a disputa após acusação de plágio

Giuliana Miranda
Lisboa
O cantor Diogo Piçarra se apresenta na semifinal do Festival da Canção, em Portugal - João Pedro Correia/RTP

Portugal escolhe neste domingo a vencedora do Festival da Canção, principal concurso musical do país e que garante o acesso à disputa do Eurovision, o tradicional festival europeu da canção, em meio a uma polêmica.

A música que estava classificada na primeira posição, favorita do júri e do público, foi acusada de ser cópia de um hino evangélico brasileiro composto em 1979.

Na internet, viralizaram as acusações de que "Canção do Fim", composta e interpretada pelo cabeludo e tatuado Diogo Piçarra, vencedor da primeira edição da versão portuguesa do programa Ídolos, seria uma cópia da religiosa "Abre os Meus Olhos".

A ironia: a própria música evangélica é também uma versão. Trata-se de uma adaptação do gospel americano "Open Our Eyes", de Bob Cull.

Após a rápida —e negativa— repercussão nas redes sociais, Piçarra resolveu abandonar a competição.

A desistência pegou os portugueses de surpresa e causou perplexidade. A disputa do Festival da Canção é acompanhada mais ou menos como uma final de Copa do Mundo no país, e a expectativa para este ano é ainda maior, uma vez que Portugal será pela primeira vez também a sede da competição europeia, em maio.

Piçarra anunciou seu abandono por meio das redes sociais, no entanto, continua negando que tenha copiado a música brasileira.

"Minha posição mantém-se em relação à minha música, a consciência tranquila e a cabeça erguida", disse Piçarra.

"Não quero deixar de dizer o orgulho que poderia ser representar o meu país num concurso como a Eurovisão [como os portugueses se referem à competição do continente], mas já não faz sentido nenhum sequer tentar ganhar essa oportunidade."

BRASIL NA DISPUTA

Uma das músicas favoritas a levar o título na disputa tem DNA brasileiro.

Com letra de autoria do carioca Pierre Aderne, "Bandeira Azul" passou para a finalíssima em terceiro lugar no ranking das 14 competidoras. Com a desistência de Piçarra, a canção já foi alçada para a vice-liderança.

"É uma emoção indescritível", conta Aderne, que criou as estrofes para a melodia composta pelo cabo-verdiano Tito Paris, um dos grandes músicos de seu país.

"Queria uma letra que fosse da língua portuguesa. Que fosse uma canção de mar, que falasse de uma forma metafórica do amor, mas que significasse também o Atlântico, que tanto nos une e nos separa nesta relação entre Brasil e Portugal", detalha.

Aderne diz esperar que a música conquiste também o público brasileiro.

"Quando alguém escuta uma música em inglês, não pensa primeiro se ela é dos Estados Unidos, da Austrália ou do Reino Unido. Pensa se gosta ou não. A gente ainda está com a música em português engatinhando neste sentido", avalia.

Foi por pouco que o Brasil não teve uma outra representante na disputa. Mallu Magalhães, que agora vive em Portugal, chegou à semifinal do concurso com uma letra de sua autoria, "Eu Te Amo".

Interpretada por Beatriz Pessoa, a música foi apresentada em dobradinha pela dupla e chegou a ser anunciada como finalista pela organização. Após notificar que havia acontecido um erro na contagem dos votos, porém, o festival voltou atrás e selecionou outra música no lugar.

MISSÃO

A canção vencedora terá a difícil missão de tentar garantir o bicampeonato do Festival Eurovision para Portugal.

Em 2017, o país ganhou pela primeira vez a competição, após mais de 50 anos desde sua primeira participação.

A vencedora, a balada romântica "Amar pelos Dois", interpretada por Salvador Sobral e composta por sua irmã, Luísa, logo se destacou como uma das poucas competidoras com letra em outro idioma que não o inglês.

A música garantiu a torcida de diversos artistas brasileiros, incluindo Caetano Veloso, e foi parar na abertura de uma novela das 18h da Globo, "Tempo de Amar".

Logo após a vitória, um drama pessoal aumentou ainda mais o interesse pelo cantor. Com uma doença cardíaca, Salvador Sobral precisou passar por um transplante e ficou três meses internado.

Recuperado, ele promete retomar a agenda de shows, interrompida por sua saúde.

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