Com um dia a mais do que em anos anteriores, a programação do Lollapalooza, que começa nesta sexta (23), patina em um momento de debate sobre representatividade.
O festival reúne 72 atrações, entre artistas e grupos. Destas, 19 são mulheres ou contam com integrantes mulheres, um número que representa cerca de 26% ou pouco mais de um quarto do total.
Entre os três headliners, atrações principais que arrematam cada dia do festival, não há sequer uma mulher.
A que tem maior destaque na programação é a cantora Lana Del Rey, que se apresenta no domingo (25), antes de The Killers e Wiz Khalifa.
A americana foi uma das artistas que se adereçaram com rosas brancas durante o Grammy, em apoio ao movimento Time’s Up, por igualdade e fim do assédio sexual.
Lana apresenta no Brasil seu quarto álbum, “Lust For Life”, que estreou em primeiro lugar na parada americana da Billboard em 2017.
"A gente aprendeu a simplesmente não lidar com isso, a não diferenciar nem pra um lado nem pro outro”, diz Alexandre Wesley, promotor do Lollapalooza Brasil.
Para ele, o número de mulheres não está menor neste ano. “São os artistas que estão disponíveis e são relevantes, não é falta de interesse.”
"Teve um ano que a gente achou que tinha muita mulher tocando junto. E respondemos com um ‘e daí?’, será que alguém vai criticar isso?”.
PELO MUNDO
Recentemente, 46 festivais de música ao redor do mundo se comprometeram a aumentar a igualdade de gêneros em sua programação, incluindo pelo menos 50% de mulheres entre seus headliners, júris e comissões até 2022.
Entre eles, estão o Canadian Music Week, no Canadá, o The Great Escape, na Inglaterra, e o Midem, na França.
Eventos musicais de maior destaque, como o Coachella e o Glastonburry, têm sido criticados por curadorias consideradas pouco inclusivas.
O assunto não é consenso nem mesmo entre figuras que militam pelo protagonismo de mulheres no mercado.
Em recente entrevista à Folha, a jornalista Claudia Assef, idealizadora do Women’s Music Event, disse ser preciso uma motivação genuína para a inclusão de mulheres, e não um intuito de cumprir uma obrigação para dizer que a curadoria está antenada.
"Pode ser um caminho interessante, mas não podemos pensar [as iniciativas] como uma cota”, diz Assef.
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