Descrição de chapéu música

Marina Lima lança seu 21º álbum com novos parceiros e retratos de mudanças sociais

Em 'Novas Famílias', cantora carioca trabalhou com nomes emergentes no pop brasileiro

THALES DE MENEZES
São Paulo

Há dois anos, Marina Lima lançou o disco ao vivo "No Osso", com versões de canções antigas, e disse em entrevista à Folha na época que aquele trabalho era o encerramento de um ciclo. Acreditava então que começaria uma nova fase.

Marina Lima, que lança seu 21º álbum - Adriano Vizoni/Folhapress

Esse recomeço agora tem nome. "Novas Famílias" é o álbum que a cantora carioca radicada há oito anos em São Paulo lança nesta sexta (16). No 21º disco de sua carreira, ela mostra oito músicas inéditas e, como faixa bônus, nova gravação de "Pra Começar", hit do álbum "Todas ao Vivo" (1986).

É impossível não notar que Marina está cercada de uma nova família musical.

Ela trabalhou com nomes emergentes no pop brasileiro: Dustan Gallas, coprodutor do trabalho e integrante da banda Cidadão Instigado, Arthur Kunz e Leo Chermont, que formam o duo Strobo, o cantor e músico capixaba Silva e a carioca carioca Letícia Novaes, que lançou com sucesso em 2017 o projeto Letrux.

Ela ressalta que a escolha do título tem a ver com mudanças no Brasil e no mundo.

"Falo dessas famílias que hoje têm direito a união estável, que podem partilhar uma herança, dividir um plano de saúde, adotar crianças. Isso vai constituindo mais famílias mestiças. Várias das chamadas minorias, que não são minorias coisa nenhuma, iniciaram um processo de visibilidade."

Ela explica sua ligação com os novos parceiros. "Aqui em São Paulo conheci o Strobo, que é de Belém. Fizemos shows juntos, compus para o disco deles, e aí conheci o Dustan Gallas, que é de Parnaíba, terra do meu pai, no Piauí. E tem a Letrux. Se eu tivesse de nascer de novo, é provável que eu viesse parecida com a Letícia, adoro o trabalho dela."

Segundo Marina, a mudança para SP a aproximou do resto do país. Acha que o Rio às vezes pode ser "voltado para o próprio umbigo."

Ela admite que o Rio era um lugar onde estava difícil de trabalhar. "Todo mundo achava que me conhecia, sabia tudo de mim. E quem produz precisa de desafio. Parecia que não havia muito interesse no meu trabalho."

PARCERIA COM CICERO

O disco tem duas parcerias dela com o irmão, o poeta e filósofo Antonio Cicero, com quem escreveu inúmeros sucessos. Uma delas é "Juntas", uma letra que brinca com comparações entre São Paulo e o Rio, para onde ela retorna nesta sexta-feira para prestigiar a posse do irmão na Academia Brasileira de Letras.

"Eu e Cicero não temos mais aquela disponibilidade para se encontrar. Então resolvemos separar uma semana nas nossas agendas, na qual eu fui para o Rio, e passamos o tempo compondo essas músicas, almoçando juntos, colocando toda a conversa em dia, matando saudade. Temos uma ligação muito forte, anos e anos morando na mesma casa, amávamos nosso pai e nossa mãe. E agora só sobra nós dois."

Marina diz que o irmão ficou felicíssimo ao escrever "Só os Coxinhas", música que já causa polêmica. Disponibilizada em clipe, provoca reações furiosas de gente que confessa nem ter ouvido a canção. Trata-se de um funk, que convoca "coxinhas" para festejar animadamente, sem dizer exatamente a razão de tanta festa.

"Coxinha não é uma questão política. Pensei na imagem daquele pessoal do Sergio Cabral numa farra em Paris, com guardanapos na cabeça. Mas isso não quer dizer que todo coxinha roube. Coxinha para mim é gente chata e careta, seja de qualquer partido. Não tenho paciência para gente assim, enjoada, careta."

O disco passa por guarânia, tecnobrega, som eletrônico pesado e até samba. Nas letras, contundência.

"Hoje no Brasil a gente tem que ser contra tudo que está aí. Está tudo errado. Não dá para ficar como está. Não acho que a arte tenha de ser política, mas nesse momento senti a necessidade de me colocar, porque isso está no meu dia a dia."

Incluir "Pra Começar", que ela nunca tinha registrado em estúdio, foi ideia do pesquisador musical Renato Gonçalves, um amigo que ela fez em uma rede social. "Ela realmente amarra o disco, foi feita em 1985 e continua atual."

O primeiro show de "Novas Famílias" será no dia 21 de abril, no Sesc Pompeia. Marina deve subir ao palco com Dustan Gallas, Arthur Kunz e Leo Chermont.

novas famílias

  • Preço R$ 20 (álbum) e nas plataformas de streaming
  • Artista Marina Lima
  • Lançamento Pommelo/Fullgás
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